sexta-feira, 16 de março de 2012

Luto. Morre Aziz Nacib Ab`Saber.

Morreu, no dia de hoje, 16/03/12, Aziz Nacib Ab`Saber. E, por uma semana este Blog fará o que, na minha opinião, deveria ser algo oficializado pela presidência da república: entrará em luto oficial.

Eis uma de suas maiores contribuições teóricas: a divisão do território brasileiros em Domínios Morfoclimáticos (que congrega características climáticas, fitogeográficas e geomorfológicas).

O mapa acima é uma "versão colorida" do que consta nesse livro aqui. Leitura obrigatória para qualquer geógrafo.

Vou discorrer apenas alguns pensamentos que me vêm a mente sobre ele, por que estou profundamente triste (incluido o que já escrevi em e-mails enviados a colegas geógrafos).

Aziz se foi. E foi.
Foi, na Geografia brasileira,  o maior. O mito. O exemplo.

Sorte do povo que teve entre os seus alguém da envergadura intelectual, da capacidade de contribuir, da coragem e disposição de conhecer deste homem.
Sorte da ciência que teve seu maior expoente de todos (no Brasil) por tanto tempo contribuindo cientificamente.
Sorte da categoria de profissionais que tem um exemplo tão bem acabado (ainda que imperfeito) para ser seguido por muitos e muitos anos.

E azar dele ter nascido num país que não lhe deu o devido valor e os devidos ouvidos; ter se dedicado a uma ciência que não o tratou com a devida reverência; ter estado ao lado de uma categoria que costumeiramente o tratou como apenas mais um geógrafo.
Poucos fizeram tanto pela ciência brasileira, pelo conhecimento, pela Geografia e pelo meio ambiente. Ninguém fez tanto por tudo isso junto.
O maior. 
Agora o céu está cheio e, o Brasil, de uma vez por todas, vazio. Alguém que só pode ser comparado a pessoas como Sérgio e Aurélio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes, Celso Furtado, Caio Prado Jr. e Darcy Ribeiro.

O maior.

E muitos vão questionar se não foi Milton Santos o maior geógrafo da história do país. Quanto mais eu me aprofundo na obra dos dois, mais me parece evidente que toda a erudição superior do Milton não consegue, sequer, chegar próximo ao que foi a produção e a ação do Aziz. Todas as horas de campo do Aziz põe facilmente no bolso todos os livros e amizades francesas do Milton. Um ganhou o Vautrin Lud (o "Nobel da Geografia", oferecido anualmente desde 1991, e com qual Milton Santos foi agraciado em 1994) e o outro não? Puro azar do prêmio, que deixou de ter em suas fileiras de premiados alguém como Aziz.
E, olhando o atual quadro da Geografia, vejo que sua falta não tem condições de ser abrandada.
Um adeus ao maior.


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