sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Livro define "BBB" e outros reality shows como ritos de tortura

Enquanto a mídia divulga o tempo todo as pataquadas do BBB, vamos pensar um pouquinho...

Livro define "BBB" e outros reality shows como ritos de tortura

Uma mulher desperta em um quarto com um aparelho em sua cabeça que, se não desarmado a tempo, se abrirá, rompendo sua mandíbula e vergando seu crânio ao avesso; ao seu lado um homem desmaiado. Em um monitor de TV, uma voz lança o desafio: com um bisturi ela deveria abrir o ventre de seu companheiro de clausura e lá procurar a chave que desarma o aparelho.

A cena descrita é da série de filmes de terror "Jogos Mortais", mas para a socióloga Silvia Viana, professora de sociologia na Fundação Getúlio Vargas (FGV), o roteiro se encaixa ao formato dos reality shows, como o "Big Brother Brasil", da Rede Globo, no ar há 13 anos. Em seu livro, que acaba de ser lançado, "Rituais de Sofrimento" (editora Boitempo, 192 págs., R$ 37), ela define o programa como um rito de tortura.

A comparação entre o filme "Jogos Mortais" e o "BBB" não foi feita pela pesquisadora, mas por um participante do reality show, em meio a uma prova de resistência. Ele estava chamando a atenção para a tortura a qual estavam sendo submetidos naquele instante. Mas, as semelhanças não se encerram aí. Segundo a socióloga, são muitas.

Dividido em quatro partes, "Show de horror", "Das regras", "Dos jogadores" e "Das provas", o livro é resultado de uma pesquisa de doutorado de Sociologia da Universidade de São Paulo (USP). A autora conta que a pesquisa teve início quando se debruçava sobre outro estudo, de gestão da empresa capitalista flexível. "Na metade do processo, assisti, pela primeira vez, a um reality show", diz. Era um episódio do ‘BBB’ no qual três participantes foram levados ao "Quarto Branco". "Uma forma indisfarçada de tortura por privação de sentidos", comenta.

Naquele momento, ela teve o insight que levou ao tema do livro. "Percebi não apenas a violência levada a cabo pelo programa, mas também sua afinidade com a brutalidade do mundo atual e do trabalho nos dias de hoje", diz. Para a socióloga, é esse o ponto mais relevante da questão: entender a aproximação entre a vida real e o mundo reproduzido em programas de TV, em especial os reality shows.

O mais bizarro é o normal

O mais estranho, diz a socióloga, é justamente que a "bizarrice" é o normal. "Isso é tanto nos reality shows como do outro lado da tela". Não é à toa que o mentor do projeto tenha sido o célebre Franz Kafka, que retrata em sua obra o desespero do ser humano, atordoado frente aos pesadelos labirínticos da existência e do mundo cotidiano, impessoal e burocrático – um texto do escritor tcheco abre o primeiro capítulo.

Uma imagem que, para a socióloga, resume o absurdo generalizado dos reality shows é o "Big Fone". "Uma voz de comando distorcida transmite aos participantes ordens malucas e cheias de exceções, punições adicionais, obrigatoriedade de sigilo até determinado momento, colares disso e daquilo". E quanto mais escorregadios os comandos, maior o zelo em seu cumprimento, prossegue a pesquisadora. "Não importa que a ordem seja sair da casa vestido de galinha e cacarejar assim que um sino tocar, e não importa que os participantes tenham plena consciência de que se trata de uma situação ridícula e humilhante: o comando será cumprido à risca".

"O mesmo não ocorre em processos seletivos de empresas?", questiona. "Nunca se sabe exatamente o que o empregador busca com aqueles testes de caligrafia, dinâmicas de grupo, perguntas a respeito de seus hobbies, provas das mais esdrúxulas, mas é fundamental que se faça, seja lá o que for, seja lá como for".

Em sua pesquisa, a socióloga mergulha nessa "zona cinzenta" assombrosa, em que os papéis de vítimas e violentadores não estão claramente definidos. Uma pergunta inevitável é: o que leva uma pessoa a se sujeitar aos ‘rituais de dor e sacrifício’ dos reality shows? A explicação mais comum é de que as pessoas topam participar pelo prêmio, pela fama ou por exibicionismo, de que participantes agem por pura racionalidade instrumental, enquanto outros são levados por um desejo inconsciente. Silvia recusa ambos.

Para ela, o buraco é ainda mais embaixo. "Não se pode afirmar que prêmio e fama justifiquem a participação: as chances de ganhar o prêmio são pequenas e o sofrimento a que serão submetidos é desproporcional ao ganho". "Quanto à fama, já é pública e notória a pecha que carrega um ex-BBB, com raríssimas exceções (que confirmam a regra), os participantes de reality shows são relegados ao esquecimento".

Silvia avalia que afirmar que os participantes são levados pelo desejo de exibição seria desconsiderar todo o sofrimento pelo qual passam. "Eles não estão lá gozando, nem mesmo por alguma perversão masoquista. Seu sofrimento é próprio de quem tem alguma tarefa a cumprir, é próprio do trabalho".

Oportunidade imperdível ou lixo descartável?

A pesquisa por trás do livro se propõe à tarefa nada simples de entender o fenômeno dos reality shows, afinal por que tantos querem participar do programa televisivo. Silvia arrisca um caminho. "Temos que levar em consideração aquilo o que os próprios participantes afirmam a respeito de seu voluntariado: trata-se de uma ‘oportunidade imperdível’. Mas oportunidade para quê?", indaga. Os critérios para alcançar o prêmio, segundo ela, são imponderáveis, e a fama resultante é infâmia. Ou seja, não faz sentido.

"O problema da participação é precisamente o fato dela não apresentar nenhum por que, não tem sentido social, por mais que caibam aí inúmeras racionalizações individuais", analisa. De acordo com o estudo, as pessoas participam porque se tornou um imperativo em nossa sociedade, "completamente desprovido de conteúdo", reitera a autora. "Por isso eu não comparo os reality shows a rituais, eles são rituais", afirma. Reality show é "mercadoria de quinta categoria", diz Silvia. "Os próprios produtores não fazem questão alguma de disfarçar a baixa qualidade estética, informativa, cultural ou o que mais pudesse justificar sua existência", completa. Para ela, nem mesmo o público que acompanha os programas defende alguma possível qualidade. "Ninguém sustentaria que aquilo é algo mais que lixo descartável".

A crítica fundamental, e corrosiva, em "Rituais de Sofrimento" é de que assim como os participantes, os telespectadores assistem (e também participam, o que é fundamental) cientes de que não há nisso qualquer sentido ou finalidade. “Simplesmente respondem ao comando, que obriga a ‘estar no mundo’, ‘topar’, ‘participar’", diz.

Quanto à teoria de que o público é ingênuo, manipulável, iludido ou perverso, para a pesquisadora, nada disso explica o fenômeno, apenas indica a arrogância de quem a faz. "Todos estamos submetidos ao imperativo vazio da participação. Assim como aqueles que votam para a eliminação no BBB trabalham de graça para a Globo, aqueles que enviam seus vídeos para o You tube ou postam comentários no Facebook trabalham de graça para essas corporações. Sabemos disso e, mesmo assim, fazemos. Nossa ilusão reside na prática, não nas consciências. Nosso mundo é bizarro", arremata.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Mais problemas no Sudão do Sul...

Quando que vamos ter paz nessa região? ONU, aproveita que o pessoal saiu do Timor Leste e dá uma força nesse "novo" novo país...

Ps: eu insisto: depois dizem que a Europa está em crise... aff...


Cinco mil pessoas buscam proteção em base da ONU no Sudão do Sul em apenas uma noite

20 de dezembro de 2012 · Destaque

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Cerca de cinco mil pessoas pediram proteção em uma base da ONU no noroeste do Sudão do Sul durante a madrugada desta quarta-feira (19). Outras centenas também estão no entorno em busca de segurança. A Missão da ONU está oferecendo abrigo, especialmente para mulheres e crianças.
O porta-voz do Departamento de Operações de Paz da ONU, Kieran Dwyer, afirmou que “todas as pessoas estão bem e serão cuidadas pelo tempo que for necessário”.
De acordo com a imprensa, a cidade de Wau, capital de Bahr el-Ghazal Ocidental, foi afetada pela violência e por protestos que começaram na semana passada depois que autoridades anunciaram que mudariam a sede do governo para a cidade de Bagare. Pelo menos duas pessoas morreram, prédios foram queimados e milhares de pessoas foram buscar abrigo na base local da Missão das Nações Unidas no Sudão do Sul (UNMISS).
A missão enviou boinas azuis e veículos blindados para fazer a segurança do aeroporto de Wau, patrulhar a cidade e garantir a segurança no entorno da base. Os soldados observaram uma série de incêndios, além de grupos de até 300 jovens, alguns deles com paus, lanças e facões.
“A missão está trabalhando juntamente com o Governo, que tem a responsabilidade de resolver a questão e o papel de liderança na proteção dos civis”, informou Dwyer.
O Sudão do Sul tornou-se independente em julho de 2011, seis anos depois de assinado um acordo de paz que colocou fim a décadas de guerra com o norte. No mesmo mês, o Conselho de Segurança da ONU estabeleceu a UNMISS com o propósito de consolidar a paz e a segurança e ajudar a criar condições para o desenvolvimento.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Arroz doado pelo Brasil chega a Cuba

Para não falar que eu apenas critico o Brasil...


Arroz doado pelo Brasil chega a Cuba

19 de dezembro de 2012 · Comunicados

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O Programa Mundial de Alimentos da Nações Unidas (PMA) anunciou hoje (19) a chegada a Cuba de 25 mil toneladas de arroz doadas pelo Governo do Brasil cujos custos de transporte foram cobertos pelo Governo de Cuba. O arroz doado a Cuba será usado em programas de proteção social com foco em segurança alimentar e nutricional por todo o país.
A doação, que chega a bordo do navio MV Nahide e será descarregada nos portos de Havana e Santiago de Cuba, faz parte de um fundo de 710 mil toneladas de alimentos criado pelo Brasil em 2011 para apoiar as operacões do PMA em nível mundial.
Motivado por um espírito de fraternidade, o Brasil faz doações em alimentos enquanto Cuba cobre os custos de transporte e armazenamento, que para esta carga atingiu 2,7 milhões de dólares, sendo a primeira vez que o Governo de Cuba participa do processo. Além disso, Cuba é doador do PMA há mais de 12 anos, responsável por uma contribuição anual de 2,500 toneladas de açúcar.
“Estamos muito agradecidos ao Governo e ao povo do Brasil por esta contribuição”, disse o Diretor Regional do PMA, Gemmo Lodesani, ao concluir uma visita oficial à ilha. “O Brasil vem desempenhando um papel cada vez maior na assistência humanitária e esta nova doação confirma o compromisso do país com os que mais necessitam. A generosidade de Cuba, compartilhando com o que tem, é também admirável”, acrescentou.
Brasil já doou cerca de 300 mil toneladas de alimentos para 35 países através do PMA desde 2011. Suas contribuições aumentaram de 1 milhão de dólares em 2007 para mais de 82 milhões de dólares durante 2012, tornando esta nação sul-americana uma das dez maiores doadoras do PMA.
O PMA é a maior agência humanitária do mundo lutando contra a fome em diferentes países. A cada ano, o PMA alimenta em média mais de 90 milhões de pessoas em mais de 70 países.


quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Homicídios representam mais de 45% das mortes de adolescentes no Brasil, mostram UNICEF e parceiros


Homicídios representam mais de 45% das mortes de adolescentes no Brasil, mostram UNICEF e parceiros

13 de dezembro de 2012 · Destaque

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Da esquerda pra direita: Ignácio Cano (UERJ), Jorge Barbosa (Observatório de Favelas), Helena Oliveira (UNICEF) e George Lima (SEDH). (UNIC Rio/Damaris Giuliana)
Os homicídios representam 45,2% das mortes de adolescentes no Brasil, enquanto 5,1% da população total morre vítima de homicídios.
Os dados estão no Índice de Homicídios na Adolescência (IHA) divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em parceria com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), o Observatório de Favelas e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-UERJ). A quarta edição do Índice analisa informações de 283 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes em 2009 e 2010.
O estudo de 2010 revela que, entre os adolescentes de 12 a 18 anos, meninos têm 11,5 vezes mais chances de morrerem assassinados do que as meninas. Outro dado apresentado como preocupante pelo UNICEF é que negros correm risco 2,78 vezes maior de serem vítimas de homicídio do que os brancos. As armas de fogo representam risco 5,6 vezes maior para os adolescentes que qualquer outro meio.
O relatório lançado hojePara a especialista em proteção da criança e do adolescente do UNICEF, Helena Oliveira, ‘tende-se a afirmar que a pobreza causa a violência, mas o que os dados têm mostrado é que a violência persegue a desigualdade. Onde o crescimento gera desigualdade – de renda, social, ocupação de território, raça ou gênero – a violência persegue e o impacto recae sobre os adolescentes”, explica.
O IHA de 2010 indica que, para cada mil adolescentes de 12 anos, 2,98 serão assassinadas antes de completar 19 anos. Em 2009, o índice era 2,61. A previsão é, que até 2016, 36.735 adolescentes sejam assassinados se as mesmas condições de 2010 prevalecerem. O número equivale a populações de cidades como Jundiaí (SP) ou Pelotas (RS).
De acordo com o Chefe de Gabinete da Secretaria Nacional de Proteção dos Direitos da Criança e do Adolescente, George Lima, o Governo Federal acredita que é preciso um trabalho com estados e municípios para combater a violência e vê os dados como “uma meta ao contrário”.
Segundo Lima, o Programa de Proteção de Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte, receberá 14 milhões de reais em 2013, mas haverá investimentos também na promoção da cultura, lazer e esporte para diminuir a exposição de crianças e adolescentes à violência. “O recorte de raça, etnia e idade está na agenda de preocupação do governo.”

Nordeste é região mais violenta do País para adolescentes

Itabuna (BA) lidera o ranking de homicídios de adolescentes nos municípios com mais de 200 mil habitantes. O IHA da cidade é 10,59 mortes para cada mil adolescentes. Na sequência estão Maceió (AL) com 10,15 e Serra (ES) com 8,92.
Embora o Nordeste apresente crescimento mais significativo nos últimos anos, a violência na região também cresceu. “Não podemos confundir ingresso no consumo com ingresso na igualdade de direitos”, afirma o Diretor do Observatório de Favelas, Jorge Barbosa.
Já a região Sudeste foi a que apresentou a maior queda no IHA. Para o pesquisador Ignácio Cano, do LAV-Uerj, a diferença é atribuída a políticas públicas de segurança, mas ressalva: “Os dados do Ministério da Saúde referentes ao Rio de Janeiro apresentam problemas desde 2007.” Cano afirma que desde então cresceu de duas a três vezes a quantidade de registros de “morte por causa externa de intenção desconhecida, o que inviabiliza saber se foi homicídio, suicídio ou acidente”.

Reverter quadro depende de alteração nas políticas públicas

Para os especialistas, a reversão do quadro depende de alterações nas políticas públicas, para que a repressão aos crimes seja alinhada com a prevenção. Além disso, entendem que a prioridade da política de segurança deva ser a redução do número de homicídios – historicamente, é o combate ao crime contra o patrimônio.
O IHA é parte do Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens (PRVL). Neste contexto, diversas agências das Nações Unidas têm trabalhado metodologias em Contagem (MG), Vitória (ES) e Lauro de Freitas (BA), municípios que já apresentam queda no número de homicídios.
Para acessar a íntegra do relatório, acessewww.unicef.org/brazil/pt/br_indiceha10.pdf