quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Mali: ONU ressalta necessidade de apoiar agricultores deslocados antes do início da temporada de plantio

Seguindo o assunto de ontem, falemos de comida. Ou da falta dela. Ou melhor: da possível, porém evitável falta dela. #VaiMali

Mali: ONU ressalta necessidade de apoiar agricultores deslocados antes do início da temporada de plantio

15 de fevereiro de 2013 · Destaque

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Na imagem, a menina Mariam, de 8 anos, chega à escola em Niamey, capital do Níger. Ela e sua família deixaram sua casa em Aguelok, no norte do Mali, em janeiro de 2012 – quando os conflitos começaram. Aproximadamente 6 mil malineses estão refugiados em Niamey. A maioria está em casas de família ou em abrigos improvisados. Foto: ACNUR.
Há uma necessidade urgente de ajudar os agricultores do Mali deslocados a retornar a suas terras antes do início da temporada de plantio, em maio. É o que afirmou nesta sexta-feira (15) a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), ressaltando que a capacidade de resistir das comunidades “deve ser melhorada para garantir a segurança da indústria agrícola”.
“Como a situação de segurança continua complicada, a FAO, as agências parceiras e a comunidade internacional devem fazer tudo o que pudermos para ajudar o Governo a apoiar os agricultores a regressar à sua terra, onde é seguro fazê-lo, e retomar o cultivo de alimentos”, disse o Diretor-Geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva, após se encontrar com o Ministro da Agricultura do Mali, Baba Berthé.
“O Mali simplesmente não pode se dar ao luxo de ficar de fora da próxima safra”, ressaltou.
Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva (à direita), se encontra com Baba Berthé, Ministro da Agricultura do Mali, na sede da FAO em Roma. Foto: FAO/Alessia Pierdomenico.
O Norte do Mali foi ocupado por radicais islâmicos após o início dos combates, em janeiro de 2012, entre as forças governamentais e rebeldes tuaregues. O conflito já deslocou centenas de milhares de pessoas, levando o Governo malês a solicitar assistência da França para deter o avanço militar de grupos extremistas.
Apesar da melhoria na situação de segurança no norte, as condições precárias permanecem, com muitos mercados e lojas ainda fechados. Cerca de 2 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar em todo o país devido às crises anteriores, provocadas por uma combinação de seca, alta dos preços do grão e degradação ambiental, afirmou a FAO em um comunicado.
Muitos dos deslocados são agricultores que vivem em campos de refugiados ou estão com famílias de acolhimento em países vizinhos, como Burkina Fasso, Mauritânia e Níger. Outros pequenos agricultores mudaram-se temporariamente para o sul do Mali, aumentando a pressão sobre os recursos alimentares locais. Outros voltaram para casa, mas não foram capazes de cultivar sua terra por conta do pouco ou nenhum acesso às ferramentas, sementes e animais necessários para iniciar a produção.
Atualmente, muitas famílias estão contando com estoques de alimentos domésticos, mas serão forçadas a recorrer a mercados quando a entressafra começar. Para sobreviver, eles podem consumir ou vender sementes ou plantas para arborização destinadas a ferramentas agrícolas e outros insumos, disse a FAO.

Programa da ONU envia alimentos para região

Agências da ONU estão ajudando os deslocados também por meio da distribuição de alimentos. Em uma coletiva de imprensa em Genebra hoje, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) informou ter enviado mais de mil toneladas de produtos alimentares diversificados para a região de Timbuktu, uma vez que retomou as atividades no país no início deste mês.
Além de Timbuktu, a agência tem em curso a distribuição de alimentos para mais de 76 mil pessoas deslocadas internamente em Bamaco, Mopti, Segou e Kayes, com o objetivo de fornecer alimentos emergencialmente para 564 mil e em torno do país. Para atingir essa meta, cerca de 45 milhões de dólares são necessários urgentemente para comprar suprimentos, que devem durar até junho.

Enviado da ONU se encontra com líderes da Mauritânia

Nesta quinta-feira (14), o Enviado Especial do Secretário-Geral da ONU para o Sahel, Romano Prodi, se encontrou com autoridades da Mauritânia, país que faz fronteira com o Mali, para discutir temas como a luta contra o terrorismo, meio ambiente e o impacto da crise no Mali.
Prodi, que está realizando uma viagem por toda a região, e o Representante Especial da ONU para a África Ocidental, Said Djinnit, reuniuram-se com Presidente mauritano, Mohamed Ould Abdel Aziz na capital do país, Nouakchott.
Na quarta-feira (13) Prodi também se encontrou com o Ministro das Relações Exteriores do país, Mohamed Saleck Ould Mohamed Lemine, como parte de um esforço para desenvolver uma Estratégia Regional Integrada das Nações Unidas para o Sahel.
Além da insurgência e instabilidade política em Mali, a região do Sahel – que se estende do Oceano Atlântico ao Mar Vermelho – sofre de pobreza extrema, com níveis de desenvolvimento humano entre os mais baixos do mundo, fronteiras com muita insegurança, assim como importantes problemas de direitos humanos.
Em setembro, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, nomeou Prodi – ex-Primeiro-Ministro da Itália – como seu enviado especial e o encarregou da formação e mobilização de uma resposta internacional e eficaz ONU às múltiplas crises na região.

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