Kassab defende atraso na entrega de material escolar
Prefeito diz que distribuição de cadernos não deve ser feita no início das aulas
Para especialista, demora traz não só prejuízos pedagógicos mas também desgaste para famílias e escola DE SÃO PAULO
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), disse ontem que não há problema no fato de os alunos da rede municipal iniciarem o ano sem caderno, lápis e caneta.
Para ele, a entrega do kit escolar, atribuição da prefeitura, nunca deve ser feita nos primeiros dias do ano letivo.
As aulas nas escolas municipais começaram na segunda-feira e os alunos, como mostrou ontem a Folha, tiveram de improvisar. Muitos usaram cadernos velhos.
Segundo a Secretaria Municipal da Educação, a entrega do material deve começar na próxima semana e terminar até meados de março.
Kassab afirmou que os uniformes também não devem ser distribuídos logo. Neste caso, a entrega deve começar só no fim de março.
"Não é bom entregar nos primeiros dias. Nos primeiros dias, as crianças estão se adaptando, os professores estão conhecendo as crianças. É importante que a distribuição seja feita com critérios bastante rigorosos", afirmou. ["critérios bastante rigorosos"? Do que você está falando, seu idiota?]
Para o prefeito, a situação na rede pública é diferente das escolas particulares.
"Os alunos não podem chegar no primeiro dia com seus materiais entregues, comprados, porque não são os pais que compram. É o poder público, a prefeitura, que compra e transfere esse material para os alunos." [Hein?!]
Kassab argumentou ainda que os pais precisam acompanhar a distribuição do material "para que não haja o desvio involuntário por parte das crianças".
RITUAL
Especialistas, no entanto, discordam. Rubens Barbosa de Camargo, professor da Faculdade de Educação da USP, diz que ter o material novo faz parte do ritual de volta às aulas, especialmente para crianças novas na escola.
"A expectativa para o primeiro dia de aula, sobretudo para os pequenos, é grande."
Para Ocimar Alavarse, também da USP, o problema é que a demora na entrega traz não só prejuízos pedagógicos, mas também desgaste para famílias, professores e direção, que deverão equacionar a falta do material.
A licitação para a compra do material ficou paralisada por mais de um mês por ordem do conselheiro Roberto Braguim, do TCM (Tribunal de Contas do Município).
O conselheiro alegava, entre outras questões, que o kit só poderia ser distribuído a alunos carentes, nunca a todos os estudantes da rede pública, como já vem ocorrendo há mais de uma década.
A prefeitura conseguiu reverter a decisão e a licitação prosseguiu. O processo de compra dos uniformes também ficou parado na Justiça.
Camargo, que é especialista em políticas públicas, pondera que licitações sempre podem demorar, mas diz que é responsabilidade da prefeitura fazer um planejamento que considere que tais atrasos possam ocorrer.
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