domingo, 26 de fevereiro de 2012

Milhares de pessoas formam corrente humana contra Putin

Nós sabemos que o senhor Putin tem sérios problemas com a Democracia, como também sabemos que ele é muito querido por muitos russos (e é, de certo modo, símbolo de uma espécie de renascimento do orgulho russo). Em todo caso, eu pessoalmente, quero mais é que ele se lasque! Júizo Rússia!

A oposição russa mobilizou milhares de pessoas neste domingo, em Moscou, para formar uma corrente humana na avenida central sob o lema "Não vamos deixar Putin entrar no Kremlin, faltando uma semana para as eleições presidenciais de 4 de março.


Os manifestantes formaram uma corrente praticamente ininterrupta ao longo desta avenida de 16 km.
Muitos usavam fitas brancas no peito e outros símbolos desta cor, escolhida pela oposição como símbolo da contestação desde as manifestações de dezembro.
A polícia de Moscou afirmou que havia 11.000 participantes e a oposição 30.000.
Um dos líderes da oposição liberal, Boris Nemtsov, expressou sua satisfação por este "círculo branco" em torno de Moscou.
"Não vamos deixar Putin entrar no Kremlin", declarou, em uma entrevista ao canal de televisão privada Dojd, um dos poucos meios de comunicação a cobrir o protesto.
Alexei Navalny, um líder nacionalista carismático e militante anticorrupção, o ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, comprometido há anos com a oposição liberal russa, o escritor Boris Akunin e o líder de extrema-esquerda Sergei Udaltsov também participaram na manifestação.
A polícia estava mobilizada em cada praça da cidade e helicópteros sobrevoavam a manifestação, constaram os jornalistas.
Segundo a agência Interfax, uma corrente humana paralela foi formada por manifestantes pró-Putin em uma parte da avenida. "Putin ama todo mundo!", afirmavam em seus cartazes enfeitados com um coração.
Outra manifestação, convocada pelo partido opositor Iabloko, reuniu neste domingo 3.000 pessoas em São Petersburgo, segundo a estimativa de uma jornalista da AFP.
No sábado, milhares de russos também se manifestaram em São Petersburgo por uma "Rússia sem Putin".
Entre 2.000 e 4.000 pessoas, segundo estimativas de uma correspondente da AFP no local, se reuniram na praça Koniuschennaia, no centro da cidade.
Kasparov, Udaltsov e o advogado Alexei Navalny, um líder nacionalista carismático e lutador contra a corrupção, lideravam o cortejo.
A Rússia celebrará em 4 de março eleições presidenciais num clima de contestação sem precedentes desde a chegada de Putin ao poder há uma década.
Putin continua sendo o homem forte do país, depois de ter passado a presidência para Dimitri Medvedev por não poder se apresentar um terceiro mandato consecutivo.
Os opositores pedem que se vote contra Putin nas eleições, mas, segundo as pesquisas, o ex-agente da KGB, que foi presidente de 2000 a 2008, deve conseguir a vitória no primeiro turno.
As pesquisas concedem a ele entre 50 e 66% das intenções de voto, o que torna muito provável sua eleição no primeiro turno.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Brasil, produtor e exportador de armas

Assunto sério. Se por um lado é ótimo para a indústria brasileira (e, quanto mais força para nossa indústria, melhor para o país - especialmente se houver salários dignos), por outro há sempre esse impasse: para quê exportar armas? Afinal, armas só têm um uso: a violência. Acredito que a indústria bélica nacional deva APENAS suprir as necessidades internas de DEFESA. 

Isso não é muito competitivo do ponto de vista econômico? Dane-se.


Uma pequena lata metálica, arranhada e atirada ao chão, gerou o primeiro vexame diplomático brasileiro de 2012. Trata-se de uma lata de gás lacrimogêneo recolhida por ativistas pró-liberdade no Bahrein, no Golfo Pérsico, que estampava na lateral, em azul, a bandeira brasileira e os dizeres “made in Brazil”.

Leia também:
Empresas de armas miram África e Ásia para ampliar exportações
Em cinco anos, 4,3 milhões de armas nas ruas
A bancada da bala


Bomba de gás lacrimogêneo brasileira usada no Bahrein. (Foto: Divulgação)
Há um ano o Bahrein 
tem sido palco de protestos pró-democracia da maioria xiita contra a monarquia sunita comandada pelo rei Hamad Bin Issa al-Khalifa. Os manifestantes têm sido reprimidos pelo exército do Bahrein e de países vizinhos. Pelo menos 35 pessoas morreram e centenas foram feridas.

Segundo os manifestantes, o gás brasileiro usado para reprimi-los teria até causado a morte de bebês. “Há algum tipo de ingrediente que, em alguns casos, leva as pessoas a espumarem pela boca e outros sintomas”, disse a ativista de direitos humanos Zainab al-Khawaja ao jornal O Globo.

Mas, quase um mês depois da denúncia, pouco se sabe como o gás fabricado pela empresa Condor Tecnologias Não Letais foi parar nas mãos de tropas que reprimem manifestações pró-democracia.

A empresa, sediada em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, afirma que não exporta para o Bahrein, mas diz que vende para outros países da região, sem identificá-los.

Toda exportação de armas, mesmo não letais, é aprovada pelo Itamaraty e pelo Ministério da Defesa. Mas, uma vez aprovada, o governo não pode fazer muito. O próprio Itamaraty reconhece que não tem poder de investigar: depois do escândalo do Barhein, a assessoria do Itamaraty informou que o ministério está apenas “observando com interesse” o desenrolar da história.

Fica a cargo da empresa averiguar o que aconteceu.

“É um contrato entre partes privadas. Pode até envolver um governo estrangeiro, mas a responsabilidade pelo seu produto é da empresa”, diz a assessora de imprensa do Itamaraty. “Os contratos geralmente proíbem a revenda. A Condor está tentando rastrear o seu produto, estamos num diálogo permanente.”

A situação é pior porque não existe legislação internacional para o comércio de armas leves. “No caso de armas não convencionais, a atuação do Itamaraty é mais direta, mas no caso de armas convencionais, não existe um regime internacional para que a gente possa aconselhar em algum sentido”, reconhece.

Nesse contexto, é bem provável que casos como esse aconteçam cada vez mais. Enquanto o comércio de armamentos pesados, como os super tucanos, chama a atenção da imprensa, é no ramo de armas leves que o Brasil tem uma atuação crescente no mercado internacional.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o valor das exportações de armas leves triplicou nos últimos cinco anos: foi de US$ 109, 6 milhões  em 2005 para US$ 321,6 milhões em 2010 (em 2011, houve um recuo para US$ 293 milhões).

Contando apenas as armas de fogo, a quantidade impressiona. Foram 4.482.874 armas exportadas entre 2005 e 2010, segundo um levantamento inédito do Exército feito a pedido da agência Pública. Ou seja: 2.456 armas por dia.

O Exército se negou a dar detalhes como venda ano a ano, empresas exportadoras e países de destino.

Assim, cabe às ONGs internacionais tentar desvendar os detalhes da exportação brasileira.
Todo ano, o Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento, em Genebra, realiza o Small Arms Trade Survey, o mais respeitado estudo sobre essa indústria. Em 2011, o Brasil foi o 4º maior exportador mundial de armas leves, atrás apenas dos Estados Unidos, Itália e Alemanha.

No ranking de armamentos pesados, somos o 14º, de acordo com o Instituto Internacional de Estudos da Paz de Estocolmo (SIPRI). Nos dois casos a liderança é dos Estados Unidos, com larga vantagem.

Por trás do crescimento, o apoio do governo
No dia 30 de setembro de 2011, a presidenta Dilma Rousseff enviou ao Congresso uma medida provisória (MP 544) – que deve ser regulamentada nos próximos meses -  com o objetivo de fortalecer a indústria nacional de armas. Entre as medidas fixadas pela MP está um regime especial de tributação que atende a uma reivindicação histórica da industria – a isenção do pagamento de IPI, PIS/PASEP e COFINS nas compras governamentais – e suspende a taxação sobre a importação de insumos para a fabricação de produtos de defesa.  O setor também foi incluído entre os que têm direito à cobertura pelo Fundo de Garantia à Exportação (FGE), seguro de proteção contra riscos em operações comerciais administrado pelo BNDES.

Três dias depois, o ministro da Defesa Celso Amorim, acompanhado dos três comandantes das Forças Armadas, participou de um jantar na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo junto aos principais fabricantes de armas do país – uma clara sinalização de apoio à produção nacional, política que tem marcado o ministério nos últimos anos.

O antecessor de Amorim, Nelson Jobim (2007-2011), foi um dos principais defensores da “revitalização” da indústria de armas, que vinha em baixa desde o final da década de 80, quando deixou de exportar para o Iraque.

Sob seu ministério foi promulgada a Estratégia Nacional de Defesa, de 18 de dezembro de 2008, que incluiu o fomento da indústria de armas entre suas metas, priorizando a compra de produtos nacionais para as Forças Armadas e comprometendo-se com incentivos à exportação. “O Estado ajudará a conquistar clientela estrangeira para a indústria nacional de material de defesa”, explicita o documento, que acrescenta:

“A consolidação da União de Nações Sul-Americanas poderá atenuar a tensão entre o requisito da independência em produção de defesa e a necessidade de compensar custo com escala, possibilitando o desenvolvimento da produção de defesa em conjunto com outros países da região”.

O mesmo documento prevê linhas de crédito especial do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “similar às já concedidas para outras atividades”.

O professor Renato Dagnino, do Departamento de Política Científica e Tecnológica  da UNICAMP, que analisou o documento conclui: “a Estratégia Nacional de Defesa acata as principais reivindicações do lobby pela revitalização da indústria”.

E o lobby quer mais. O Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria de Defesa (Comdefesa), organizado pela Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), pleiteia uma cota fixa e inalterável de 3,5% do PIB para investimentos no setor. Alguns representantes pedem que uma parte dos royaltes do pré-sal sejam destinados ao setor de defesa.

Procurado pela reportagem, o Ministério da Defesa informou através da sua assessoria que “tem feito gestões a entidades de fomento, como BNDES e FINEP, com o intuito de disponibilizar financiamento para empresas que se enquadram na chamada indústria de defesa”.

O BNDES informa que entre 2009 e 2011, fez empréstimos no valor de R$ 71 milhões para empresas do setor. A maior beneficiária foi a CBC – Companhia Brasileira de Cartuchos, seguida pela Forjas Taurus SA.  Clique aqui para ver a tabela.

A APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, também entrou em ação para “aumentar a exportação de materiais de defesa e segurança e a quantidade de empresas exportadoras”, segundo sua assessoria, promovendo a participação da indústria brasileira em feiras como a Latin America Defence & Security, a maior e mais importante do setor de defesa e segurança da América Latina.

Com esse apoio, as empresas se lançam à conquista de novos mercados, principalmente na África e Ásia. Como no caso da Condor, a fabricante de gás lacrimogêneo que se nega a divulgar com que países negocia, pouco se sabe sobre o destino dos armamentos fabricados no Brasil e não há nenhum debate público sobre isso. A regra, nesta indústria, é a falta de transparência.

Falta de transparência: preocupação nacional e internacional
Não existe nenhuma estimativa oficial sobre a produção de armas leves no Brasil. A indústria não informa o quanto produz, e – diferentemente de outros países – não há nenhum banco de dados do governo a esse respeito.

Quando se trata de comércio internacional, a transparência é ainda menor.

A Pública procurou o Exército, que forneceu dados gerais, mas não quis dar detalhes.

Desde outubro de 2010, existe um departamento que monitora as vendas para o exterior, o Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados de Exportação de Produtos de Defesa (SGEPRODE). Os dados nunca foram disponibilizados ao público.

Nos dias posteriores ao escândalo no Bahrein, chegou a se ventilar na imprensa que o Ministério da Defesa teria um projeto de lei para um banco de dados públicos sobre aquisições e vendas de armamentos. Mas, procurado pela Pública, o ministério negou veementemente qualquer plano nesse sentido.

“O Ministério da Defesa desconhece o envio da legislação citada na matéria do jornal Folha de S. Paulo”, disse, por meio de nota. “A regulamentação da MP 544 prevê a elaboração de um cadastro de empresas. No entanto, ainda não está definido o formato em que se dará a divulgação dessa informação”.

O Instituto de Estudos Internacionais e de Desenvolvimento de Genebra tem um “barômetro” da transparência para avaliar as informações fornecidas por grandes atores globais no mercado de armas leves. Brasil nunca se saiu muito bem. Desde 2001, tem sido um dos piores avaliados entre os principais exportadores, perdendo apenas para a Rússia e a China.

No último estudo, de 2011, o país é o 38º colocado numa lista de 50 países. O problema, segundo os pesquisadores, é que o Brasil não produz relatórios oficiais nem envia dados para um instrumento chamado UN Register, que registra a transferência de armas leves.

“O Brasil não publica nenhum relatório anual sobre exportação de armas e geralmente relata ao UN Register que houve ‘zero’ exportações de armas leves”, diz um relatório publicado em junho de 2010. “Os dados da alfândega não informam quantas licenças foram expedidas e quantas foram recusadas (…). No nível regional, o Brasil é o menos transparente”.

Além disso, diz o instituto, há evidências de que o Brasil registra “sistematicamente” de maneira errônea as exportações de revólveres e pistolas, como sendo “armas de caça”, o que gera confusão.

“Nós inferimos que o Brasil quer manter alguns segredos, porque fazer isso seria benéfico para as empresas. Mas a conseqüência é que se sabe menos do que devíamos sobre o que o Brasil está fazendo”, diz o pesquisador Nicholas Marsh, da Iniciativa Norueguesa em Transferência de Armas Leves.

Muitas vezes o Small Arms Survey tem que usar dados declarados pelos importadores para realizar sua avaliação anual. Os resultados muitas vezes são superiores aos declarados pelo Ministério do Desenvolvimento.

Em 2007, por exemplo, o relatório estimou as vendas de armas leves brasileiras em 234 milhões de dólares, enquanto o MDIC estima que tenha sido de 201 milhões. Em 2008, o valor do Small Arms Survey é de 273 milhões, enquanto o MDIC estima que tenha sido 260 milhões de dólares.
Como não existe legislação ou um órgão internacional que monitore esse comércio, não há uma base de dados mundial, e nenhum país é obrigado a reportar-se a ninguém. Os dados do UN Register são enviados de maneira voluntária.

“Isso significa que há grandes fluxos de armas acontecendo no mundo, e ninguém sabe disso. Assim as armas acabam indo parar em lugares onde não deviam”, diz Nicholas Marsh. “O pior é que armas duram muito. Se é bem cuidado, um revólver pode durar cem anos. Na Líbia, no começo dos conflitos, havia gente carregando armas da Segunda Guerra”.

Conheça a Agência Pública

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Ainda sobre o Pinheiro x 2

Uma excelente sugestão da leitora Beatriz L. Vale a pena ouvir tudo. Especialmente para entender a opinião, que este Blog compartilha com o jornalista, a respeito do governador Geraldo Alckmin.


Empresa do Vale do Silício quer competir com biodiesel de soja

E a venda do Brasil (através do uso e abuso de seus recursos naturais) continua de vento e poupa...

Folha de São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
DE SÃO PAULO
Uma empresa com sede no no Vale do Silício, na Califórnia (costa oeste dos EUA), e com o quadro de funcionários formado por cientistas viu na busca de novos usos para a cana uma oportunidade de negócios.

Leia a matéria completa em: http://iplanetaazul.wordpress.com/2012/02/23/empresa-do-vale-do-silicio-quer-competir-com-biodiesel-de-soja/

Nível do mar subiu 12 milímetros em 8 anos

Folha São Paulo, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2012
THIAGO FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As geleiras e áreas cobertas por gelo na Terra perderam 536 bilhões de toneladas por ano entre 2003 e 2010, o que resultou na elevação de 12 milímetros no nível médio do mar nesse período, segundo aponta um estudo feito por cientistas da Universidade do Colorado, nos EUA, e publicado ontem na edição on-line da revista “Nature”.

Leia a matéria completa em: http://iplanetaazul.wordpress.com/2012/02/23/nivel-do-mar-subiu-12-milimetros-em-8-anos/

Primeira fase do leilão do trem-bala será em outubro

Não sabe o que é o TAV brasileiro? Então leia a matéria completa!  

Folha de São Paulo, sábado, 04 de fevereiro de 2012

AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO
O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse ontem que o leilão para a escolha do operador do TAV (Trem de Alta Velocidade), empreendimento que interligará as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, acontecerá em outubro.

Leia a matéria completa em: http://iplanetaazul.wordpress.com/2012/02/23/primeira-fase-do-leilao-do-trem-bala-sera-em-outubro/

Hábitos, costumes, manias...

Uma bela reflexão sobre uma nossa prática mais antiga: comer; e outras coisas...

Folha de São Paulo, quarta-feira, 08 de fevereiro de 2012
Por Nina Horta

Todos temos hábitos e costumes arraigados, que nem percebemos de tão arraigados que são. Agora que estou com mania de Índia, fico de olho neles através dos tempos. Nem enciclopédias dariam conta de tantos rituais. Mas, ao mesmo tempo, vemos que no Ocidente estamos cada vez mais cheios de ideias mal resolvidas, que nem têm por baixo uma rede de tradições que sustente as nossas maluquices.
Pessoas que só comem proteínas, as que têm medo de calorias, as que odeiam vegetais, as da dieta da berinjela, as da melancia, as da Lua, as da mediterrânea, as de alimentos crus, as que comem três vezes ao dia, cinco vezes, as que fazem jejum uma vez por semana, as da balancinha ao lado para pesar o bife.
Esteira após o café, sacolinha para as compras. Os nojos aumentam. Os anoréxicos nos sinalizam levando ao extremo as manias ao comer.
Mas, quando o costume é alheio, é claro que estranhamos mais. A Índia me parece imbatível. Histericamente imbatível. Havia que se olhar em uma certa direção durante a comida -por exemplo, para o sul se seu pai já houvesse morrido. Os brâmanes eram -e talvez ainda sejam- os reis da frescura para comer.
E o que dizer do medo da contaminação, o mesmo medo que agora nos assola no Ocidente? Há países onde as pessoas já andam de máscara nas ruas. Entre os indianos, não se comia o alimento preparado por alguém de casta mais baixa que a sua, e a sombra de uma pessoa sem casta sobre o prato já o fazia impuro, era preciso jogá-lo fora.
Alguns indianos eram tão ortodoxos que não podiam escutar a voz de alguém impuro enquanto comiam. Tinham de se meter no interior das casas, trancados, para que isso não acontecesse. E era sacrilégio romper as regras.
Os intelectuais não deveriam comer mais do que um punhado de arroz (o arroz que coubesse numa mão fechada). Mal alimentado, o filósofo pensava mais, tinha maior clareza, pensamentos mais nobres. Que tudo fosse muito leve, só grãos, os legumes mais levinhos, as verduras, o leite, a coalhada, os brotos, a batata-doce, mas não batatas em geral, e as frutas. A comida dos trabalhadores não visava somente lhes dar força para aguentar o serviço pesado, mas havia que transmitir coragem e paixão. Por isso comiam carne e especiarias, bebiam vinho.
Sabe-se lá o que vai por dentro de nossas cabeças. Divagações com sentido ou catando pelo em ovo? Seria bom não cair nas esparrelas. A ideia seria analisar um pouco cada uma, e não basta a ciência afirmar, ela mesma, uma velha senhora com catarata e um começo de Alzheimer, murmurando repetitiva pelos corredores: "Ovo é bom, ovo é ruim, comam gordura, cuspam a gordura, sol é bom, sol é ruim".
Vamos dissecar cada novidade que nos parece engodo, descobrir de onde veio, por que, para onde vai. Não dá para se sujeitar a tudo o que aparece e deixar que criemos comportamentos estranhos para rejeitá-los. Salvemo-nos de nós mesmos e cantemos nossas superstições numa marchinha de Carnaval, que dá mais certo. "Tô sozinho, minha morena foi pr'Anvisa pegar seu silicone!!! Volta, morena, só com botox já te acho a maior!" O riso cura.

Mito da caverna

Ao pessoal do MOCAM, que pediu para eu colocar no Blog. Segue a versão mais próxima à do meu livro que eu encontrei. Boa leitura e bons pensamentos!

O diálogo de Sócrates e Glauco ( Extraído de Platão. A República. Livro VII)

Trata-se de um diálogo metafórico onde as falas na primeira pessoa são de Sócrates, e seus interlocutores, Glauco e Adimanto, são os irmãos mais novos de Platão. No diálogo, é dada ênfase ao processo de conhecimento, mostrando a visão de mundo do ignorante, que vive de senso comum, e do filósofo, na sua eterna busca da verdade.

Sócrates – Agora imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoços acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.

Glauco – Estou vendo.

Sócrates – Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que os transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e toda espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio.

Glauco - Um quadro estranho e estranhos prisioneiros.

Sócrates — Assemelham-se a nós. E, para começar, achas que, numa tal condição, eles tenham alguma vez visto, de si mesmos e de seus companheiros, mais do que as sombras projetadas pelo fogo na parede da caverna que lhes fica defronte?

Glauco — Como, se são obrigados a ficar de cabeça imóvel durante toda a vida?

Sócrates — E com as coisas que desfilam? Não se passa o mesmo?

Glauco — Sem dúvida.

Sócrates — Portanto, se pudessem se comunicar uns com os outros, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que veriam?

Glauco — É bem possível.

Sócrates — E se a parede do fundo da prisão provocasse eco sempre que um dos transportadores falasse, não julgariam ouvir a sombra que passasse diante deles?

Glauco — Sim, por Zeus!

Sócrates — Dessa forma, tais homens não atribuirão realidade senão às sombras dos objetos fabricados?

Glauco — Assim terá de ser.

Sócrates — Considera agora o que lhes acontecerá, naturalmente, se forem libertados das suas cadeias e curados da sua ignorância. Que se liberte um desses prisioneiros, que seja ele obrigado a endireitar-se imediatamente, a voltar o pescoço, a caminhar, a erguer os olhos para a luz: ao fazer todos estes movimentos sofrerá, e o deslumbramento impedi-lo-á de distinguir os objetos de que antes via as sombras. Que achas que responderá se alguém lhe vier dizer que não viu até então senão fantasmas, mas que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, vê com mais justeza? Se, enfim, mostrando-lhe cada uma das coisas que passam, o obrigar, à força de perguntas, a dizer o que é? Não achas que ficará embaraçado e que as sombras que via outrora lhe parecerão mais verdadeiras do que os objetos que lhe mostram agora?

Glauco - Muito mais verdadeiras.

Sócrates - E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não desviará ele a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?

Glauco - Com toda a certeza.

Sócrates - E se o arrancarem à força da sua caverna, o obrigarem a subir a encosta rude e escarpada e não o largarem antes de o terem arrastado até a luz do Sol, não sofrerá vivamente e não se queixará de tais violências? E, quando tiver chegado à luz, poderá, com os olhos ofuscados pelo seu brilho, distinguir uma só das coisas que ora denominamos verdadeiras?

Glauco - Não o conseguirá, pelo menos de início.

Sócrates - Terá, creio eu, necessidade de se habituar a ver os objetos da região superior. Começará por distinguir mais facilmente as sombras; em seguida, as imagens dos homens e dos outros objetos que se refletem nas águas; por último, os próprios objetos. Depois disso, poderá, enfrentando a claridade dos astros e da Lua, contemplar mais facilmente, durante a noite, os corpos celestes e o próprio céu do que, durante o dia, o Sol e sua luz.

Glauco - Sem dúvida.

Sócrates - Por fim, suponho eu, será o sol, e não as suas imagens refletidas nas águas ou em qualquer outra coisa, mas o próprio Sol, no seu verdadeiro lugar, que poderá ver e contemplar tal qual é.

Glauco - Necessariamente.

Sócrates - Depois disso, poderá concluir, a respeito do Sol, que é ele que faz as estações e os anos, que governa tudo no mundo visível e que, de certa maneira, é a causa de tudo o que ele via com os seus companheiros, na caverna.

Glauco - É evidente que chegará a essa conclusão.

Sócrates - Ora, lembrando-se de sua primeira morada, da sabedoria que aí se professa e daqueles que foram seus companheiros de cativeiro, não achas que se alegrará com a mudança e lamentará os que lá ficaram?

Glauco - Sim, com certeza, Sócrates.

Sócrates - E se então distribuíssem honras e louvores, se tivessem recompensas para aquele que se apercebesse, com o olhar mais vivo, da passagem das sombras, que melhor se recordasse das que costumavam chegar em primeiro ou em último lugar, ou virem juntas, e que por isso era o mais hábil em adivinhar a sua aparição, e que provocasse a inveja daqueles que, entre os prisioneiros, são venerados e poderosos? Ou então, como o herói de Homero, não preferirá mil vezes ser um simples lavrador, e sofrer tudo no mundo, a voltar às antigas ilusões e viver como vivia?

Glauco - Sou de tua opinião. Preferirá sofrer tudo a ter de viver dessa maneira.

Sócrates - Imagina ainda que esse homem volta à caverna e vai sentar-se no seu antigo lugar: Não ficará com os olhos cegos pelas trevas ao se afastar bruscamente da luz do Sol?

Glauco - Por certo que sim.

Sócrates - E se tiver de entrar de novo em competição com os prisioneiros que não se libertaram de suas correntes, para julgar essas sombras, estando ainda sua vista confusa e antes que seus olhos se tenham recomposto, pois habituar-se à escuridão exigirá um tempo bastante longo, não fará que os outros se riam à sua custa e digam que, tendo ido lá acima, voltou com a vista estragada, pelo que não vale a pena tentar subir até lá? E se alguém tentar libertar e conduzir para o alto, esse alguém não o mataria, se pudesse fazê-lo?

Glauco - Sem nenhuma dúvida.

Sócrates - Agora, meu caro Glauco, é preciso aplicar, ponto por ponto, esta imagem ao que dissemos atrás e comparar o mundo que nos cerca com a vida da prisão na caverna, e a luz do fogo que a ilumina com a força do Sol. Quanto à subida à região superior e à contemplação dos seus objetos, se a considerares como a ascensão da alma para a mansão inteligível, não te enganarás quanto à minha idéia, visto que também tu desejas conhecê-la. Só Deus sabe se ela é verdadeira. Quanto a mim, a minha opinião é esta: no mundo inteligível, a idéia do bem é a última a ser apreendida, e com dificuldade, mas não se pode apreendê-la sem concluir que ela é a causa de tudo o que de reto e belo existe em todas as coisas; no mundo visível, ela engendrou a luz; no mundo inteligível, é ela que é soberana e dispensa a verdade e a inteligência; e é preciso vê-la para se comportar com sabedoria na vida particular e na vida pública.

Glauco - Concordo com a tua opinião, até onde posso compreendê-la.


Cunha: um tolo


Nada como a tranquilidade de termos um IMBECIL no Congresso Nacional. Esse Eduardo Cunha, por sua mente estreita, deveria levar, em praça pública, uma desmoralizante surra de chinelo...
E você? O que acha da opinião do sujeito?

Da Folha de São Paulo, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2012


"Designar uma abortista convicta para comandar a política pública de valorização da mulher, hoje com status de ministério, é uma ofensa a todos os que defendem a vida."
DO DEPUTADO EDUARDO CUNHA (PMDB-RJ), expoente da bancada evangélica, sobre declarações da futura ministra Eleonora Menicucci expondo suas convicções pessoais em defesa da descriminalização do aborto.

Dentro da escola

Folha de São Paulo, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2012

Editoriais
editoriais@uol.com.br

Nenhuma nação, de que tamanho seja, pode conformar-se com 3,8 milhões de crianças e jovens fora da escola. No Brasil isso representa menos de 2% da população, mas é como se um Uruguai inteiro de 4 a 17 anos fosse esquecido na margem da estrada.
Tal foi a cifra que mais chamou a atenção no balanço periódico do ensino no Brasil feito pelo movimento Todos pela Educação. O número absoluto assusta, mas oculta que o acesso à escola no país vem melhorando: de 89,9% da população em idade escolar, em 2006, chegamos a 91,5% em 2010.
Não deixa de ser um progresso, mas lento. Nesse ritmo, será difícil atingir a primeira de cinco metas fixadas pelo movimento para 2022: toda criança e jovem na escola. O objetivo intermediário para 2010 era 93,4% -e ficamos aquém.
Na avaliação da segunda meta (toda criança alfabetizada até os oito anos de idade), generalizou-se a nota vermelha. O desejado era chegar a 80% do total em 2010. Nem o Sudeste, com o melhor desempenho do país, chegou a 70% de alunos com domínio de leitura, escrita e contas básicas.
O monitoramento do terceiro objetivo (todo aluno com aprendizado adequado à sua série) revela um desastre: nenhum nível de ensino, em nenhuma região país, obteve mais que 46% de alunos com rendimento satisfatório em português ou matemática, em 2009 (último dado a ser colhido).
O acúmulo de problemas e deficiências alcança o paroxismo no ensino médio, fulcro da quarta meta (todo jovem com esse diploma até os 19 anos). Pouco mais da metade (50,2%) chegou lá em 2009. Mais que a cifra determinada para aquele ano (46,5%), é verdade, mas com desempenho pavoroso em matemática -só 11% dos formandos aprendem o que deveriam dessa matéria essencial para usar produtivamente os conhecimentos e as ferramentas da ciência e da tecnologia.
O quadro é acabrunhante e não pode ser explicado apenas por falta de verbas, justificativa tradicional de quem só consegue ver a questão pelo ângulo material (prédios, tecnologia) ou corporativista (salários). Já se gastam 4,3% do PIB no Brasil com educação, perto dos 5% estipulados na quinta meta, sem que isso se traduza na revolução de que o país necessita.
Trata-se de um dever nacional resgatar aqueles 3,8 milhões de jovens e crianças que estão fora da escola. É dentro dela, porém, que falta dar os passos cruciais: qualificar melhor o corpo docente, remunerá-lo de forma condizente, atrair os melhores profissionais e dotá-los com os conteúdos e métodos para que ensinem o que os alunos precisam aprender.

Ainda o Pinheirinho

Uma opinião embasada sobre um fato: não tem preço!

 
Folha de São Paulo, quinta-feira, 09 de fevereiro de 2012
 por José Osório de Azevedo Jr.

Os fatos são conhecidos: uma decisão judicial de reintegração de posse sobre uma favela. A ocupação começou em 2004, por pessoas necessitadas de moradia.
Segundo a Folha, a proprietária obteve reintegração liminar em 2004. Durante um imbróglio processual, os ocupantes permaneceram. Em 2011, uma nova decisão ordena a reintegração. Foi essa a ordem que o Poder Executivo cumpriu no dia 22 de janeiro, com aparato policial, caminhões e máquinas pesadas.
A ordem era, porém, inexequível, pois, em sete anos, a situação concreta do imóvel e sua qualificação jurídica mudaram radicalmente.
O que era um imóvel rural se tornou um bairro urbano. Foi estabelecida uma favela com vida estável, no seu desconforto. Dir-se-á que a execução da medida mostra que a ordem era exequível. Na verdade, não houve mortes porque ali estava uma população pacífica, pobre e indefesa.
Ninguém duvida da exequibilidade física da ordem judicial, pois todos sabem que soldados e tratores têm força física suficiente para "limpar" qualquer terreno.
O grande e imperdoável erro do Judiciário e do Executivo foi prestigiar um direito menor do que aqueles que foram atropelados no cumprimento da ordem.
Os direitos dos credores da massa falida proprietária são meros direitos patrimoniais. Eles têm fundamento em uma lei também menor, uma lei ordinária, cuja aplicação não pode contrariar preceitos expressos na Constituição.
O principal deles está inscrito logo no art. 1º, III, que indica a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos da República. Esse valor permeia toda a ordem jurídica e obriga a todos os cidadãos, inclusive os chefes de Poderes.
As imagens mostram a agressão violenta à dignidade daquelas pessoas. Outro princípio constitucional foi afrontado: o da função social da propriedade. É verdade que a Constituição garante o direito de propriedade. Mas toda vez que o faz, estabelece a restrição: a propriedade deve cumprir sua função social.
Pois bem, a área em questão ficou ociosa por 14 anos, sem cumprir função social alguma. O princípio constitucional da função social da propriedade também obriga não só aos particulares, mas também a todos os Poderes e os seus dirigentes.
O próprio Tribunal de Justiça de São Paulo já consagrou esse princípio inúmeras vezes, inclusive em caso semelhante, em uma tentativa de recuperação da posse de uma favela. O tribunal considerou que a retomada física do imóvel favelado é inviável, pois implica uma operação cirúrgica, sem anestesia, incompatível com a natureza da ordem jurídica, que é inseparável da ordem social. Por isso, impediu a retomada. O proprietário não teve êxito no STJ (recurso especial 75.659-SP).
Tudo isso é dito porque o cidadão comum e o estudante de direito precisam saber que o direito brasileiro não é monolítico. Não é só isso que esse lamentável episódio mostrou. Julgamento e execução foram contrários ao rumo da legislação, dos julgados e da ciência do direito.
Será verdade que uma decisão tem de ser cumprida sempre? Só é verdade para os casos corriqueiros. Não para os casos gravíssimos que vão atingir diretamente muitas pessoas indefesas.
Estranha-se que o governador tenha usado o conhecido chavão segundo o qual decisão judicial não se discute, cumpre-se. Mesmo em casos menos graves, os chefes de Executivo estão habituados a descumprir decisões judiciais. Nas questões dos precatórios, por exemplo, são milhares de decisões judiciais definitivas não cumpridas.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Urban aviary, um santuário para aves em NY

Da Revista Exame (http://migre.me/7ZP9T)
Você sabia que uma das maiores causas de morte de pássaros nas grandes cidades são os arranha-céus envidraçados? As aves simplesmente não conseguem distinguir o que é reflexo do que é real e por isso vira e mexe colidem contra edifícios envidraçados, morrendo na queda livre.
Loucura ou possibilidade?
Pensando em melhorar as condições de vida desses animais nos centros urbanos e também em tornar os prédios mais eco-amigáveis, o “Stone Design”, um escritório de arquitetura em Nova York projetou o “UrbanAviary “. A estrutura idealizada para ocupar o Central Park tem como propósito servir de abrigo e habitat seguro para as aves em uma das cidades mais populosas dos Estados Unidos.
No Urban Aviary, os pássaros poderão construir ninhos entre os pisos vegetados. A ideia é reproduzir no interior um miniecossistema florestal, onde as criaturas voadoras possam obter comida, água e tranquilidade.

Confira esta e outras ideias em http://iplanetaazul.wordpress.com/

São Paulo é a 45ª melhor cidade do mundo para fazer faculdade

Mais um dado para nos lembrar da mediocridade de nossa educação...

De acordo com ranking divulgado pelo instituto inglês QS, São Paulo é a 45ª melhor cidade do mundo para fazer faculdade. No topo da lista está Paris, seguida por Londres, Boston e Melbourne. 

O estudo baseia-se em 12 critérios; alguns deles são a qualidade e o número de universidades ranqueadas internacionalmente, além da qualidade de vida, o custo dos estudos e a reputação local das instituições junto aos empregadores.

Para serem avaliadas, as cidades deveriam ter, no mínimo, 250 mil habitantes e duas instituições ranqueadas no QS. Apenas 98 cidades no mundo atendem aos dois critérios.

Entre as cidades da América Latina, São Paulo fica 21 posições atrás de Buenos Aires, 14 atrás da Cidade do México e quatro posições atrás de Santiago.

 Cingapura é a 12ª colocação é a melhor cidade asiática para estudar, seguida de Hong Kong e Tóquio, empatadas na 19ª posição.

Em toda a lista, a Austrália é o único país com duas cidades entre as 10 melhores avaliadas: Melbourne e  Sidney.


Austrália: 2 cidades no Top 10

Pequena área da Europa possui 6 cidades do Top 10

Veja as 10 melhores cidades avaliadas pelo ranking:

Paris (França)

Londres (Reino Unido)

Boston (Estados Unidos)

Melbourne (Austrália)

Viena (Áustria)

Sidnei (Austrália)

Zurique (Suíça)

Berlim (Alemanha)

Dublin (Irlanda)

Montreal (Canadá)

Pessoas de esquerda são mais inteligentes?

Karl Marx: um dos autores mais lidos pela chamada "esquerda". Como era de se imaginar, quem não o entende é mesmo burro!

Um estudo feito pela Universidade Brock, de Ontário (Canadá) coletou dados por mais de 50 anos e chegou a uma polêmica conclusão: pessoas com ideologia de esquerda (ou liberal, como dizem no hemisfério norte) são mais inteligentes que pessoas de direita e conservadoras.
Após entrevistar cerca de 15 mil pessoas no Reino Unido em 1958 e 1970, os pesquisadores compararam os níveis de inteligência com a posição política dos participantes da pesquisa depois de adultos.
Como efeito de comparação: pessoas muito conservadoras tinham Quociente de Inteligência de 94 pontos (a média é 100). Pessoas de centro tinham QI de 100 pontos e as pessoas muito liberais tinham QI médio de 106 pontos. (vi no @Psychology Today)

Estudo liga preconceito a pessoas de baixo QI


O estudo revela que crianças com baixo QI estão mais dispostas a realizar atitudes preconceituosas quando se tornarem adultas


São Paulo - Um estudo feito pela Universidade de Ontario, no Canadá, parece ser bastante provocador. A pesquisa chegou à conclusão de que pessoas menos inteligentes - sim, isso é um eufemismo - são mais conservadoras, preconceituosas e racistas.

O estudo revela que crianças com baixo QI estão mais dispostas a realizar atitudes preconceituosas quando se tornarem adultas. A pesquisa foi publicada na revista Psychological Science.

A descoberta aponta para um ciclo vicioso, em que esses adultos com pouca inteligência ‘orbitam’ em torno de ideologias socialmente conservadoras, resistentes à mudança e que, por sua vez, geram o preconceito.

As pessoas menos inteligentes seriam atraídas por ideologias conservadoras, segundo o estudo, porque oferecem ‘estrutura e ordem’, o que dá um  certo ‘conforto’ para entender um mundo cada vez mais complicado.

"Infelizmente, muitos desses recursos também podem contribuir para o preconceito", disse Gordon Hodson, pesquisador chefe do estudo, ao site Live Science.

 Ele salientou ainda que, apesar da conclusão, o resultado não significa que todos os liberais são ‘brilhantes’ e nem que todos os conservadores são ‘estúpidos’. A pesquisa é um estudo de médias de grandes grupos, disse Gordon Hodson.

Projeto cria o PIB Verde no Brasil

Data: 9/2/2012

Fonte: Agência Câmara

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 2900/11, do deputado Otavio Leite (PSDB-RJ), que estabelece o Produto Interno Bruto (PIB) Verde. Pelo projeto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo do PIB, divulgará anualmente também o PIB-Verde, em cujo cálculo será considerado, além dos critérios e dados econômicos e sociais tradicionalmente utilizados, o patrimônio ecológico nacional. O autor ressalta que o cálculo do PIB deixa de lado uma das maiores riquezas do País, seu patrimônio ecológico, e que a sua proposta tem como objetivo suprir essa lacuna, determinando que o órgão responsável pelo cálculo do PIB nacional divulgue também o PIB-Verde. “A modificação vem ao encontro dos anseios mais recentes, tanto no âmbito nacional, quanto internacional”, afirma o parlamentar.

Saiba mais em http://iplanetaazul.wordpress.com/2012/02/20/projeto-cria-o-pib-verde-no-brasil/

Ação do homem transformou floresta africana em savana

Ação do homem transformou floresta africana em savana

Histórias de mau uso do solo não são de hoje. Pesquisadores identificaram que há três mil anos a ação humana provocou mudanças significativas na floresta tropical da África Central, que foi rapidamente substituídas por savanas. O estudo do solo na bacia do rio Congo provou que a erosão foi contemporânea à migração da tribo Bantu para onde hoje é a fronteira da Nigéria com Camarões. Os pesquisadores afirmam que a intensificação do uso do solo, já naquele período , teve um grande impacto na floresta tropical. (...)

Leia o restante em http://iplanetaazul.wordpress.com/2012/02/20/acao-do-homem-transformou-floresta-africana-em-savana/

Croatas dizem "sim" à UE com apenas 47% de participação dos eleitores

Bem, sabemos que muitos países sonham em adentrar formalmente à União Europeia. A pergunta é: será que vale a pena? A questão da independência recente da Croácia (que formou um país, a Iuguslávia, durante mais de 70 anos juntamente com a Sérvia e outros países dos Balcãs) pode gerar pensamentos de que a mesma pode se perder ao aderirem à UE. 
Entretando, eu entendo que, mesmo apesar da cirse ora instalada, pertencer ao Bloco Econômico e possuir as vantagens alfandegárias, diplomáticas e monetárias possíveis é ainda uma boa coisa.
Boa Sorte Croácia!

Croatas dizem "sim" à UE com apenas 47% de participação dos eleitores

Zagreb, 22 jan (EFE).- Os croatas se pronunciaram a favor da adesão à União Europeia (UE) neste domingo, embora a participação da população no referendo tenha sido de apenas 47% dos 4,5 milhões de eleitores.


Entre os 47% que participaram do referendo, 66% foi a favor da entrada da Croácia na UE e 33% contra, informou o presidente da Comissão eleitoral, Branko Hrvatin, após a apuração de 98% das cédulas. Hrvatin também destacou que a jornada eleitoral foi realizada sem o registro de incidentes.
Apesar da pouca participação, incluindo os votos que vieram do estrangeiro, o presidente do país, o primeiro-ministro e o presidente do Parlamento se reuniram no Parlamento diante das câmaras de televisão para celebrar a decisão positiva com um brinde de champagne.
"Esta é uma decisão histórica. Sublinho que pela primeira vez em nossa história adotamos essa decisão tão importante", declarou o primeiro-ministro, Zoran Milanovic, que também é chefe do Partido Social-Democrata (SDP). "Nosso futuro êxito ou fracasso depende de nós mesmos", completou o primeiro-ministro.
O presidente da Croácia, Ivo Josipovic, também ressaltou que a jornada deste domingo teve muita importância para a história da Croácia. "A Croácia optou pela UE e escolheu fazer parte da comunidade com todos os países democráticos europeus, que buscam uma vida melhor...Tenho certeza que a Croácia também poderá", acrescentou.
Já o presidente do Parlamento, Boris Sprem, declarou que "o país iniciará um novo capítulo, uma vida melhor e mais feliz. A Croácia segue com suas ambições, mas com perspectivas mais amplas e possibilidades muito maiores".
Vesna Pusic, a ministra das Relações Exteriores da Croácia, apontou que a baixa participação da população se deve a um "certo cansaço", já que as eleições parlamentares foram realizadas há somente um mês e meio. A crise na eurozona e longo processo de negociação para firmar o acesso, de quase seis anos, também justificam a baixa participação dos eleitores.
A Croácia concluiu as negociações de acesso à UE no último dia 1º de julho de 2011. No entanto, somente no último dia 9 de dezembro a então primeira-ministra, Jadranka Kosor, e o presidente, Josipovic, assinaram o Tratado de acesso em Bruxelas.
Apesar de alcançar o "sim" dos eleitores neste domingo, o processo de ratificação do Tratado de acesso da Croácia pelos 27 países-membros ainda não terminou. Segundo está previsto, o país balcânico entrará na família europeia como seu membro número 28 somente no dia 1º de julho de 2013.
O acesso comunitário era defendido com vigor tanto pelos partidos governistas de centro-esquerda, de Milanovic, assim como pelo principal partido da oposição conservadora, a HDZ de Jadranka.
Na última semana, o Parlamento anotou somente um voto contra a Declaração que qualificou a adesão comunitária de interesse estratégico nacional.
A Academia Croata de Ciências e Artes também teve um importante papel a favor da entrada, assim como fizeram os sindicatos, a Igreja Católica, associações de veteranos de guerra, a União de empresários e os mais conhecidos economistas e cientistas croatas.
A concentração de pessoas contra a entrada da Croácia na UE era restrita aos grupos de extrema direita e extrema esquerda.
"Não vamos reconhecer este referendo. É ilegítimo e representa uma derrota da liberdade e independência que sonhamos", disse Zeljko Sacic, um dos representantes do "Conselho pela Croácia - NÃO à UE", a qual aglutina os contrários à adesão.
Sacic considera que a independência croata foi conquistada com muitas vítimas humanas para que uma decisão tão importante como a deste domingo seja adotada com tão pouca participação nas urnas.
Segundo a legislação vigente, a aprovação da Croácia à UE já poderia ser garantida se mais da metade dos que foram as urnas votassem a favor. EFE

Irã suspende venda de petróleo a França e Reino Unido

O que estão fazendo com o Irã é um absurdo. É uma espécie de bulling Geopolítico, preparando terreno para uma invasão israelense. Está certo o Irã se defender e revidar da forma como é possível.

Irã suspende venda de petróleo a França e Reino Unido

Teerã, 19 fev (EFE).- O Irã suspendeu as exportações de petróleo a Reino Unido e França, anunciou neste domingo o porta-voz do Ministério do Petróleo, Ali Reza Nikzad, no que parece uma resposta às novas sanções impostas pela União Europeia a Teerã como pressão para que interrompa seu programa nuclear.

"A exportação de petróleo para as empresas inglesas e francesas foi suspensa", disse Nikzad, em entrevista divulgada pela agência de notícias petrolífera do Irã, "Shana".
Nikzad lembrou que, anterorimente, o ministro do Petróleo, Rostam Qasemi, tinha anunciado a possibilidade de suspender a exportação de petróleo a alguns países europeus após as novas sanções financeiras e petrolíferas impostas ao Irã pela UE no dia 23 de janeiro.
Por outro lado, ele afirmou que o Irã não tem nenhum problema para a exportação de seu petróleo, e disse que seu Ministério "considerou clientes alternativos para a venda no lugar das empresas de Reino Unido e França".
O diretor-geral para a Europa Ocidental do Ministério de Relações Exteriores iraniano, Hassan Tayik, se reuniu na última quarta-feira com os embaixadores de Espanha, Itália, França, Grécia, Holanda e Portugal para lhes comunicar novas condições para os contratos e reivindicar garantias de cobrança.
Em nota posterior aos encontros, Tayik disse que "os europeus devem saber que se o Irã mudar o destino do petróleo que lhes exporta, a responsabilidade será de seus próprios governos", em referência às novas medidas punitivas impostas pela UE.
"As sanções não vão afetar os iranianos, mas terão um efeito adverso na população europeia, que está em uma situação econômica difícil e enfrenta um duro inverno", acrescentou o dirigente iraniano.
Tayik acrescentou que o "Irã não pode permanecer indiferente a um embargo de petróleo da UE", a cujos países vende cerca de 20% dos 3,6 milhões de barris de petróleo que exporta por dia, e "não teria problemas para encontrar novos clientes".
Na quarta-feira, o Irã anunciou novas condições para a compra e venda de petróleo aos países europeus, uma decisão que criou grande confusão política e fez aumentar os preços do petróleo no mercado internacional. EFE

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Há 50 Anos - Conselho de ministros estuda controle sobre comércio do ferro

É por essas e outras que não consigo deixar de pensar que o governo do presidente João Goulart (1961-64) foi um dos melhores da história do Brasil. Pensamento estratégico muito mais aguçado que o dos patetas de hoje...

João Goulart, presidente na época desta notícia.
Folha de São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Há 50 anos

DO BANCO DE DADOS - O ministro de Minas e Energia, Gabriel Passos, defende o domínio absoluto da economia do ferro por parte da União, através do controle dos transportes e da exportação.

A proposta de Passos está sendo estudada pelo Conselho de Ministros.

Passos afirmou que a riqueza do ferro deve ser destinada ao enriquecimento do país e que "em hipótese alguma, a política de ferro, especialmente a exportação, pode ser dominada por grupos particulares nacionais ou estrangeiros". O ministro se reunirá com a bancada de Minas Gerais no Congresso para discutir a proposta.

Imposto Agrícola

Mas finalmente alguém tomando uma atitude sábia no planejamento urbano e em seu delicado equilíbrio com o rural. Chuva de méritos ao pessoal de Jundiaí pela ideia!


E vcs? Acham isso justo?

Folha de São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

A Prefeitura de Jundiaí (SP), conhecida pela produção de uva, estuda lançar um fundo voltado apenas para o setor agrícola.

Os recursos viriam de um novo imposto a ser cobrado das companhias de construção civil, segundo o prefeito Miguel Haddad (PSDB).

“Há o entendimento de que a construção civil eleva a densidade populacional e deve arcar com esse tipo de iniciativa”, diz Haddad.

A criação do fundo, que tem o objetivo de fixar parte da população no campo, depende da aprovação do novo Plano Diretor da cidade, que deverá ser enviado hoje para a Câmara Municipal.

Dengue recua no país, mas pode virar epidemia no Rio de Janeiro

Mas qual será a dificuldade do Rio de Janeiro com o mosquito? 
Aliás, será que o poder público deste Estado não consegue dar conta nem de mosquitos?! #Rio2016Fail

E vc? Na usa opinião, pq o RJ sofre tanto com a dengue?

São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Previsão de marca 'histórica' na cidade é do ministro da Saúde DE BRASÍLIA

O número de casos, ocorrências graves e mortes pela dengue caiu nas seis primeiras semanas de 2012 se comparado ao mesmo período de 2011, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde.
 
A redução foi de 62%, 86% e 66%, respectivamente.


Cortes regionais, no entanto, mostram que a situação está longe de ser confortável.
A cidade do Rio, por exemplo, pode ter "uma das maiores epidemias de dengue da sua história", diz o ministro Alexandre Padilha (Saúde).

Uma das explicações é a maior presença do subtipo 4 da dengue, que pode ter atingido 50% dos vírus circulantes, diz análise de 199 amostras. O subtipo 4 é predominante no Norte e no Nordeste, mas já é 43% dos subtipos colhidos no Estado do Rio.

O ministério diz que esse subtipo não é mais ou menos grave que os outros três.
A diferença é que a população fica mais vulnerável a ter uma segunda infecção pelo vírus da dengue, já que não tem imunidade contra este subtipo, que circula há apenas dois anos no país. Com isso, acaba ficando mais suscetível a desenvolver uma forma mais grave da doença.

Apesar de reforçar que o Rio é a cidade mais preocupante, Padilha afirma que a área não registra mortes pela doença desde agosto.

Brasil quer acelerar usinas em vizinhos para garantir energia

O que vocês acham desta política de de construção desenfreada de usinas hidrelétricas?

Brasil quer acelerar usinas em vizinhos para garantir energia

Construção de hidrelétricas em países amazônicos, com financiamento do BNDES, é plano B para atrasos
Preço da energia gerada no Peru seria um terço menor do que a brasileira; Eletrobras faria conexão regional

Veja mais em iplanetaazul.wordpress.com/2012/02/14/brasil-quer-acelerar-usinas-em-vizinhos-para-garantir-energia/

Regime sírio usa violência sexual contra opositores, aponta a ONU

Estupro de crianças?! É Assad, já deu mesmo. Cai fora do governo sírio cara.
E o pessoal preocupado com os direitos humanos em Cuba...

Folha de São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Regime sírio usa violência sexual contra opositores, aponta a ONU


Comissária diz que as vítimas são em geral homens e meninos
DE JERUSALÉM


Além de usar artilharia pesada contra civis, matar milhares e torturar prisioneiros, há indícios de que o regime sírio também usa violência sexual contra opositores, disse ontem a alta comissária de direitos humanos das Nações Unidas, Navi Pillay.

Em um relato macabro sobre a situação na Síria, endereçada à Assembleia Geral da ONU, ela reiterou que "a escala dos abusos cometidos pelas forças sírias" indica que foram cometidos crimes contra a humanidade. Aos abusos já denunciados, ela acrescentou os sexuais.

"Relatos extensos sobre violência sexual, em particular estupro, em locais de detenção, "principalmente contra homens e meninos, são especialmente perturbadores. Crianças não foram poupadas", disse Pillay.

Nos últimos dias, forças sírias intensificaram a ofensiva contra a cidade de Homs, que tornou-se o principal foco da revolta contra o ditador Bashar Assad.

Rússia e China, que há poucos dias vetaram uma resolução no Conselho de Segurança da ONU exortando Assad a renunciar, continuam defendendo uma solução diplomática para a crise. A proposta da Liga Árabe de enviar à Síria uma missão de paz em conjunto com a ONU foi rejeitada "categoricamente" por Damasco e recebida com reservas por Moscou.

O ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, que na semana passada foi a Damasco discutir uma solução para a crise, disse que antes do envio de uma missão da ONU é preciso estabelecer um cessar-fogo na Síria.

Em onze meses de repressão contra os opositores, o regime sirio já matou "bem mais que 5.400 pessoas", estimou a alta comissária.

A dificuldade de acesso imposta pelo regime impediu que sua equipe mantivesse os números atualizados nos últimos dois meses.
(MN)

Ataques na Índia e na Geórgia miram diplomacia de Israel

Estas são questões muito complicadas. Mas acho que não só pegam exageradamente no pé do Irã, como acho que Israel vive enchendo o saco de todo mundo...

Folha de São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Ataques na Índia e na Geórgia miram diplomacia de Israel

Mulher de adido militar é ferida em Nova Déli; premiê Netanyahu atribui ação ao Irã e aos xiitas do Hizbollah
Iranianos, que tiveram membros de programa nuclear assassinados, negam acusação e se dizem 'maiores vítimas'
MARCELO NINIO
DE JERUSALEM

Diplomatas israelenses foram alvos de atos terroristas ontem na Índia e na Geórgia, em aparente escalada da guerra de bastidores envolvendo o plano nuclear do Irã.

Índia
Geórgia
Israel
Irã


Em Nova Déli, capital da Índia, uma bomba feriu a mulher do adido militar de Israel. Em Tbilisi, capital da Geórgia, outra bomba foi achada no carro de um diplomata israelense antes de explodir.
A reação do premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, foi rápida. Culpou o Irã, "o maior exportador de terror do mundo", e "seu cliente", o grupo xiita libanês Hizbollah.

Segundo Netanyahu, Irã e Hizbollah também estão por trás de várias tentativas de atentados contra israelenses e judeus frustradas nos últimos meses, em países como Azerbaijão e Tailândia.

No ataque da Índia, segundo testemunhas, um rapaz numa moto colou o explosivo na lataria do carro em que estava a mulher do adido israelense. O método lembrou o dos ataques contra cientistas nucleares iranianos nos últimos anos, sugerindo uma retaliação do governo persa.

Ramin Mehmanparast, porta-voz da diplomacia iraniana, rechaçou as acusações de Israel, afirmando que elas fazem parte da "guerra psicológica do regime sionista" contra o Irã. "Condenamos qualquer ato terrorista, e o mundo sabe que o Irã é a maior vitima de terrorismo."

ALVOS NUCLEARES
Em janeiro, Mostafa Roshan, diretor de instalação de enriquecimento de urânio iraniana, tornou-se a quinta autoridade envolvida no programa nuclear do país assassinada em dois anos. Quase todos foram mortos por explosivos colados em seus carros. O Irã jurou vingança.

No domingo, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, prometeu anunciar em breve avanços no programa atômico do país, em desafio às sanções internacionais e à crescente ameaça de Israel de atacar suas instalações.

Outra hipótese de que as ações na Índia e na Geórgia tenham sido um ato de vingança é o fato de terem ocorrido um dia depois do quarto aniversário do assassinato do dirigente do Hizbollah Imad Mughniyah, na Síria.

Alem de ser a primeira ação contra um alvo israelense em solo indiano, a explosão em Nova Déli colocou as forças locais em alerta por ter ocorrido a 200 metros da residência oficial do primeiro-ministro, Manmohan Singh.

Israel aumentou o alerta e reforçou a segurança em suas representações no exterior.

Índice coloca o Brasil à frente de outros países do grupo Brics

Lembremos sempre: se o Brasil está à frente dos outros países, é mais por demérito deles do que por mérito nosso. Índia e China parecem verdadeiras piadas de mau gosto, e a Rússia parece ter a corrupção do Brasil, com menos malandragem e mais... sangue.
 
 Folha de São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Índice coloca o Brasil à frente de outros países do grupo Brics


Segundo medição do economista Jim O'Neill, que cunhou a sigla, brasileiros têm melhores condições de crescimento
País supera a Rússia, a Índia e a China em itens como estabilidade, mas O'Neill vê problemas no real supervalorizado PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO


O Brasil tem as melhores condições para crescimento e as maiores perspectivas de aumento de renda per capita entre todos os Brics. Isso é o que mostra o Índice de Condições de Crescimento (tradução livre de Growth Environment Score, ou GES, na sigla em inglês), criado por Jim O'Neill, o economista da Goldman Sachs que cunhou o termo Brics em 2001.



No ranking do índice, o Brasil vem em primeiro lugar, seguido de China, Rússia e Índia. "O Brasil vai se manter na liderança de condições de crescimento e continuará à frente da China", disse O'Neill à Folha. "Acreditamos que a renda per capita do país [atualmente em cerca de US$ 13 mil] possa dobrar nos próximos 10 a 15 anos, aproximando-se do nível de algumas nações europeias."

Mas o economista, que hoje é presidente do conselho da Goldman Sachs Administração de Ativos, faz uma advertência: o "excesso de popularidade" do Brasil é uma ameaça. "O Brasil é popular demais, especialmente sua moeda", diz.

Para O'Neill, será "inevitável", nos próximos anos, uma reversão da valorização do real. "É muito raro que uma moeda desafie os fundamentos de longo prazo como o real, que está valorizado demais."

Segundo ele, é importante o governo brasileiro apertar a política fiscal para poder reduzir juros, o que diminuiria a atratividade do real para investidores estrangeiros. Senão, pode haver uma correção caótica da taxa de câmbio. "Quanto mais perdurar esse real sobrevalorizado, mais fraca ficará a indústria."

A equipe de O'Neill elabora o índice GES desde 2005, acompanhando 180 países em 13 critérios: inflação, deficit público, taxa de investimento, abertura comercial, penetração de celulares, de computadores, média de anos de estudo secundário, expectativa de vida, estabilidade política, cumprimento de leis e corrupção.

O Brasil lidera os Brics porque, em algumas das variáveis mais difíceis -como corrupção, estabilidade política e educação-, o país tem pontuação melhor.

O'Neill admite que a boa colocação do Brasil em corrupção e educação pode causar surpresa. "Uma maneira de interpretar isso é que os outros Brics são muito, muito fracos", afirma ele.

POUCA ABERTURA
Em contrapartida, o país vai muito mal em taxa de investimento sobre o PIB (20%, de acordo com o FMI) e abertura ao comércio internacional, com a pior pontuação entre os Brics.

E os outros Brics? A China precisa avançar muito em tecnologia e cumprimento de leis e regras; na Rússia, os pontos fracos são expectativa de vida, cumprimento de leis e corrupção; na Índia, corrupção, estabilidade política, educação e tecnologia precisam de grande melhora.
 Folha de São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Estados pressionam por mudança na dívida com a União

DE BELO HORIZONTE - Representantes dos Estados do Sudeste lançaram ontem, em Belo Horizonte, movimento pela revisão das dívidas estaduais com a União.

Trata-se de ação conjunta dos Legislativos, com a participação das Fazendas estaduais, para pressionar o governo federal a rever o indexador das dívidas estaduais, que superam R$ 350 bilhões.
Os Estados comprometem por ano cerca de 13% das receitas correntes líquidas para abater dívidas. Os representantes estaduais afirmam, entretanto, que os juros são elevados e fazem a dívida crescer mais rápido.
Em 1998, Minas Gerais devia R$ 12 bilhões à União. O Estado pagou R$ 20 bilhões e hoje deve R$ 56 bilhões.
Entre os pontos propostos está a troca do IGP-DI pelo IPCA como indexador das dívidas. De acordo com o deputado estadual Délio Malheiros (PV-MG), o IGP-DI acumulado de 1998 a 2011 é de 215% e o IPCA, 131%. Em 2011, entretanto, o IGP-DI ficou em 5% e o IPCA, 6,5%.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

No chão de outrora

Folha de São Paulo, terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Janio de Freitas
No chão de outrora

Obrigação do jornalismo raras vezes praticada pelos jornalistas, o retorno ao fato "encerrado" para verificar seus seguimentos (todos o têm, com menor ou maior interesse) fez com que Laura Capriglione e Marlene Bergamo recuperassem, pairando sobre os escombros do Pinheirinho, as muitas dívidas que as autoridades e nós outros temos com as 9.000 vítimas da brutalidade tsunâmica naquela falsa "recuperação de posse".
Os escombros das vidas vividas no Pinheirinho estão largados nos "abrigos" de quem, roubada sua moradia pela violência que se utiliza do nome da Justiça, espera pela prometida.
A anterior, cada família a fez com as próprias mãos. A próxima, se houver, será obra de uma empreiteira que aí colherá lucros extraídos de impostos pagos ao governo paulista. Inclusive pelos próprios desintegrados na reintegração do Pinheirinho. A engrenagem é diabólica.
E o que foi feito até agora do prometido? Não se sabe. Quem faz aquele tipo de reintegração de posse não é de dar informações de seus atos e compromissos públicos.
Nisso, porém, proporcionam uma oportunidade de quitarmos alguma coisa da nossa dívida: no papel de intermediários, dos cobradores chatos que ajudam a corroer, por muito pouquinho que seja, o esquecimento com que os grandes devedores querem acobertar os seus compromissos e as suas dívidas.
Há 22 dias, numerosos meios de comunicação exibiram a façanha policial de espancamento, a cassetete, de um homem sozinho, desarmado, mãos erguidas ao ver o grupo dos que andavam em direção oposta, paramentados como astronautas armados.
Geraldo Alckmin, acossado pela repercussão das imagens, prometeu investigação imediata do ocorrido. A investigar, mesmo, só havia a identidade do homem derrubado a porretadas e a dos facinorosos que o atacaram.
Mais de três semanas para fazê-lo -e nada. Diante disso, vale a pena questionar as investigações mais gerais? Aquelas que, no dizer de Geraldo Alckmin, começariam por um inquérito imediato sobre a ferocidade policial, e seus chefes, entre o ataque de surpresa às 6h da manhã e o último pedaço de casa ou de móvel a ser estraçalhado.
À falta do que dizer sobre a tal investigação, sobra o que dizer sobre a própria falta. Não se soube de providência alguma de Geraldo Alckmin, e também nada se soube da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, cuja secretária, Maria do Rosário, manifestou seu horror ao ocorrido e comprometeu-se publicamente com as providências adequadas às suas obrigações.
Nada, porém. E nada das demais secretarias da Presidência também prontas a aparecer com as críticas óbvias e as medidas respectivas.
Uma providência, a rigor, uma houve. Laura e Marlene saíram do território de destroços informadas de que, a parir de ontem, os ex-moradores estão proibidos de voltar aos seus restos para garimpar uma ou outra coisinha.
Quem sabe até um brinquedinho de plástico ou uma peça de roupa, entre aqueles pedaços de suas vidas que logo vão ajudar a preencher o solo da especulação imobiliária.

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Vídeo Sensacional Sobre Quem São e Onde Estão os Mais Ricos do Mundo

O vídeo tem uma perspectiva geográfica muito legal (trazendo os mais ricos do mundo, sua localização no planeta e as fontes de sua fortuna) além de uma breve perspectiva histórica na evolução dos salários dos CEOs das empresas em relação ao trabalhador nos EUA.


Assistam e comentem!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Nossas Indicações!

Ei, olhem a barra ao lado!

Agora temos uma lista de blogs e sites de jornais, revistas e instituições científicas para satisfazer sua sede de conhecimento (se é q você a tem, claro.... rsrs).

Use e abuse de nossas sugestões!

Ps: obviamente, se quiser, dê suas sugestões também!

Abs,
Prof. Fábio

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Brasil volta a liderar expansão em transgênicos

É bom todos saberem de cara: eu acho o agornegócio um sintoma de atraso econômico. Também acho que uma Economia Nacional que se apoia em Commodities tende a naufragar. Todas as experiências mundiais nos ensinam: "só a Indústria salva."


Mas, a propósito, quem garante que essa merda de transgênico não agride a saúde humana e o delicado equilíbrio dos ecossistemas? Eu tenho vergonha dos dados abaixo...

Comentem!


Brasil volta a liderar expansão em transgênicos

País ganha status de mercado maduro; ritmo de crescimento pode cair
Área com sementes geneticamente modificadas cresce 20% em 2011; expansão mundial foi de 8% TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO


O Brasil liderou, pelo terceiro ano consecutivo, o crescimento no cultivo mundial de transgênicos, com uma expansão de 20% na área plantada em 2011.



Foram cultivados 30,3 milhões de hectares com sementes modificadas de soja, milho e algodão no país, no ano passado, segundo dados da Isaaa (organização internacional que estuda a biotecnologia na agricultura).

Após registrar crescimento de dois dígitos em área por pelo menos quatro anos, o Brasil ganhou status de mercado maduro. Isso indica que significativas expansões como as verificadas nos últimos anos podem se tornar mais difíceis de ocorrer.

"Os crescimentos expressivos estarão mais relacionados à demanda como um todo do que ao avanço da biotecnologia, que chega a um grau de maturidade", afirma Anderson Galvão, representante da Isaaa no Brasil.

Os EUA, por exemplo, líderes no cultivo mundial de transgênicos, registraram crescimento de apenas 3% em 2011.

Os americanos têm área plantada de 69 milhões de hectares. O cultivo mundial em 2010 avançou 8%, para 160 milhões de hectares.

Mas, como o Brasil é uma das poucas nações com área livre para a agricultura e o principal candidato a abastecer a China, o presidente da Isaaa, Clive James, diz que ainda há espaço para crescer.
"O alvo deve ser aumentar a produtividade para exportar para a China", afirma.

RÁPIDA APROVAÇÃO
Segundo James, a "maturidade" do mercado brasileiro também se deve ao modelo de aprovação de novas sementes transgênicas.

O tempo médio de aprovação de novas variedades caiu de 40 meses, em 2006, para 18 meses atualmente. Em 2011, a CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) aprovou seis novas sementes transgênicas, incluindo a de feijão.

"O crescimento do Brasil só é possível graças ao modelo desenvolvido no país de rápida aprovação das sementes e pela capacidade de desenvolver as suas próprias tecnologias", disse James.

O modelo, porém, é alvo de ambientalistas e recebeu recentemente críticas do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), órgão que assessora a Presidência da República.

Ela tentou salvá-los da Cracolândia

Também da Folha de hoje. 
Exemplo? Mais do que isso... Atitude.

Ela tentou salvá-los da Cracolândia
Como uma estudante de engenharia da USP deixou o conforto de casa para "adotar" três moradores de rua; dois deles viciados em crack

Eduardo Anizelli/Folhapress
A estudante Ossana Chinzarian com os ex-moradores da cracolândia que ela 'adotou': Edson Corrêa (de vermelho), Silvana Aman e Marcos Damasceno
A estudante Ossana Chinzarian com os ex-moradores da cracolândia que ela 'adotou': Edson Corrêa (de vermelho), Silvana Aman e Marcos Damasceno

RAPHAEL SASSAKI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Foi numa quarta-feira quente, dia de protestos em São Paulo, que a estudante Ossana Chinzarian, 25, pulou da cama decidida a dar uma basta no sentimento de solidão que a consumia por seis meses. "Preciso me relacionar com as pessoas de forma mais humana", pensou.

Então, Ossana sentiu a necessidade "urgente de fazer alguma coisa".

Era aniversário de São Paulo. A estudante saiu do Paraíso, bairro da zona sul de São Paulo, onde mora com dois irmãos num amplo apartamento -os pais vivem em Mato Grosso do Sul.

Ela seguiu em direção ao centro, mais precisamente para a cracolândia, com a ideia de engrossar o coro de protestos que aconteciam naquela região contra a ocupação da Polícia Militar.

Quando chegou lá, uma reviravolta tomou conta da cabeça de Ossana.

Enquanto observava parte do cenário em ruínas da Nova Luz, a estudante de engenharia da USP pensou em como poderia ajudar ao menos três moradores que ela logo avistou, com simpatia, assim que chegara à cracolândia.

Resolveu, então, que iria "adotá-los". Ossana conta que não pensou se tal atitude corria o risco de dar errado ou não. Simplesmente, seguiu em frente com o plano.

OS 'ADOTADOS'
Eis o perfil dos "adotados": dois homens e uma mulher com amplo histórico de rua, problemas familiares e envolvimento com drogas.

Marcos Damasceno, 30, mora na rua. O Amaral, como é conhecido, conta que saiu de casa quando tinha dez anos, após repetidas surras do padrasto. Nesses anos, acumulou cicatrizes no rosto e tem dificuldade para articular a fala. Jura, porém, que nunca experimentou crack, apesar da exposição à droga.

Edson Corrêa, 25, viajou a pé do Rio de Janeiro para São Paulo. Ele conta que fugia da violência policial - sem dar detalhes sobre a operação.

Na metrópole paulistana, sonhava em virar rapper. Sem documentos, Edson não conseguiu vaga em albergue. Ficou dois meses na rua.

"Fumava crack para matar a minha fome", afirma Edson.

A terceira "adotada", Silvana Aman, 35, consumia pedras ao lado do namorado, responsável, segundo ela, pelo vício. Morando na rua após cinco anos de uso frequente, ela ficou sem os dentes da boca. Perdeu ainda mais: a guarda das duas filhas.

CASA E COMIDA
"Não acreditei quando aquela 'patricinha' apareceu e sentou no chão com a gente. Achei que, como todos, ela fosse dar uns trocados para nós e ir embora", lembra Edson. "Mas ela ficou."

Não só ficou como a "patricinha" apostou cegamente na recuperação do grupo. "Não vejo diferença entre eu, Einstein ou um morador de rua", diz Ossana. "Não senti medo em momento algum."
Primeiro, a estudante levou os três para a casa.

"Minha irmã chegou e, é claro, não entendeu o que estava acontecendo", conta Ossana. "Ela me disse: 'Sempre aprontando alguma, hein Ossana?" A estudante já havia dormido com uma criança moradora de rua.
À irmã, a estudante de engenharia tratou logo de explicar o que estava acontecendo naquele apartamento. Após a breve explanação, segundo lembra Ossana, os ânimos se acalmaram.

No apartamento da anfitriã, os convidados tomaram banho para, em seguida, se sentarem à mesa para matar a fome. No cardápio, macarrão, feito pela própria estudante. "Todos se comportaram direitinho", brinca ela.

Na sequência, eles se jogaram no sofá diante da TV.

Passava um dos filmes da série de heróis "X-Men", diversão garantida, pensou logo Ossana. Depois, viria "Tropa de Elite 2", com o emblemático capitão Nascimento.

"Gente, desculpa, mas não consigo ver polícia nem na TV", reclamou Silvana.

A próxima ação da estudante da USP foi sair com os três "adotados" para comprar roupa nova na vizinhança.

"Estávamos tão acostumados a ser tratados como bicho que a gente começou a achar que de fato éramos um", conta Amaral, que, assim como os dois colegas, ficou surpreso com a atitude de Ossana.
Naquela hora, seguindo rumo às lojas no Paraíso, os três vestiam roupas velhas, sujas e rasgadas. Ossana, diz, não se importava nem um pouco.

Para animar, a estudante levou a turma, pós-banho de loja, ao show de Ney Matogrosso na praça da República, no centro. Era festa em comemoração ao aniversário de São Paulo. Os quatro foram juntos de metrô.

No manhã seguinte, acompanhou os "adotados" até o Brás. No PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador), Marcos, Edson e Silvana foram encaminhados para entrevista de emprego.
Ossana fez mais: alugou um apartamento no bairro.

A estudante fechou o contrato do imóvel por três meses. Ela mesma pagou as parcelas adiantadas, cada uma delas no valor de R$ 600.

"Em 25 anos morando na rua, a única pessoa que fez alguma coisa por mim foi um pastor, que me levou para a casa dele e me deu roupa e comida", lembra Amaral.

Em contrapartida, Ossana fez uma única exigência aos três: que eles largassem o vício, a rua e recomeçassem, a partir dali, uma nova vida.

Amaral soube aproveitar a oportunidade. Foi contratado como ajudante de ferreiro -primeiro emprego em anos.

Ganha R$ 600/mês, suficientes para pagar o aluguel após os três meses de dívida quitada pela colega Ossana.


Nem todos tiveram a mesma reação que a dele.

SÓ AMOR NÃO BASTA
Em crise de abstinência, Silvana desapareceu de casa.

Até ontem à noite, ela não havia retornado. Ninguém sabia sobre seu paradeiro.

Edson reencontrou o crack dias depois de instalado na casa do Brás. Roubou um vizinho (R$ 250) e fugiu com o que encontrou pela frente, roupa e objetos que Ossana tinha colocado na decoração do imóvel dos colegas.

"É claro que eu não imaginava que isso fosse acontecer", confessa Ossana. "Tudo isso me deixou muito triste."

A estudante conta que ficou decepcionada com o comportamento dos outros dois "adotados".
Mas longe dela pensar em desistir. "O crack é foda", diz. "Não dá para achar que só amor e atenção resolvem."