Parece brincadeira, mas ainda é assim que uma boa parte da sociedade pensa. E isso não é prerrogativa brasileira não. Um policial de Toronto, Canadá, fez afirmação semelhante ano passado. Depois de uma série de estupros na cidade, disse que, se as mulheres não quisessem ser estupradas, não deveriam se vestir como vadias.
Mas claro! A culpa é das vítimas!
Depois desta horrenda declaração, milhares de pessoas foram às ruas da cidade canadense, no que foi brilhantemente denominado de Slutwalk, Marcha das Vadias em português.
Lindo! Aquilo que sempre foi deletério, usado pra ofender as mulheres donas de seus corpos, passou a ser autodenominação e autodeterminação. Sim, vadias! Vadias são aquelas que fazem o que querem consigo mesmas, que exercem seus direitos plenos ao corpo, à sexualidade.
Se o machismo estigmatizou "vadia" como algo ruim, deletério, que atenta contra a tal "ordem natural", a Marcha das Vadias, na sua luta contra o preconceito, contra o machismo, se apropriou da palavra como reivindicação ao direito ao corpo, como direito à igualdade completa, como direito ao direito.
No fim de semana que passou, (26 e 27 de maio), a segunda edição da Marcha das Vadias foi realizada em dezenas de cidades no Brasil. Em cada uma destas cidades, centenas, ou mesmo milhares de pessoas, homens e mulheres, saíram às ruas requisitando a palavra "Vadia" (aqui a Marcha de São Paulo, Recife e Brasília )
Num país que é um dos recordistas mundiais de assassinato de mulheres, de violência doméstica, é uma excelente novidade. A vadia, a mulher independente, livre, se expõe como sujeito público, protestando e reivindicando direitos e o fim da violência sexual e doméstica.
Esta luta não é apenas das vítimas de violência de gênero, da violência domestica. Não é uma luta apenas das mulheres. É a luta por um país melhor, livre do machismo e da opressão de sexo. Assim, como disseram: Somos todos vadias! Amém!
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