quarta-feira, 23 de maio de 2012

Na Contramão

Outro texto muito bom da página "On the rocks", do Yahoo! Brasil.
Boa leitura.

Os funcionários do metrô de São Paulo fizeram greve quarta-feira (23). Todos aqueles que possuíam carros e normalmente os deixavam na garagem tiveram que usá-los, como única forma de chegar ao trabalho. O rodízio municipal de veículos, que proíbe que 20% da frota circule em determinados horários, foi suspenso.

Um dia típico no Metrô de São Paulo.

Assim, dezenas de milhares de automóveis inundaram ainda mais as ruas de São Paulo, causando um congestionamento recorde de 249 quilômetros, o que significa quase um terço das vias monitoradas. O resultado não poderia ser diferente: ônibus superlotados, esperas gigantescas nos pontos. Enfim, caos por toda cidade.

Rapidamente correram para culpar os grevistas pelo caos, como se não houvesse direito à greve, como se quem trabalha no metrô tivesse que se contentar com qualquer situação de salário e trabalho (alías, segundo as informações, a intenção dos grevistas era trabalhar com a catraca aberta, com o metrô de graça, mas foram coagidos pelo governo do estado e pela direção do metrô.

A cidade se tornou um caos completo simplesmente porque desde sempre a opção dos sucessivos governos foi dar prioridade ao transporte individual em detrimento ao coletivo; porque a cidade foi privatizada, violentada pelos grandes empreendimentos imobiliários, liberados sem nenhum controle ou plano urbano (ao que parece, funcionava uma verdadeira máfia para a liberacão dos imóveis...)
Outras cidades vão no mesmo caminho. Salvador e Belo Horizonte são cada vez mais privatizadas, e a lógica de ocupação é vendida a qualquer empreiteira que possa pagar. Cidades de prédios, automóveis e muros. São escolhas de para quem governar.

Além de tudo isso, o governo federal, com medo da crise que se avizinha, resolveu diminuir o IPI dos carros, barateando-os, estimulando o consumo de automóveis.

Assim, o governo federal se coloca no mesmo sentido dos governos municipais, agindo para alguns, na contramão do interesse público, de uma cidade de gente.

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