ONU comprova 126 estupros e dois assassinatos de civis cometidos pelas forças armadas da RDC
A ONU confirmou ontem (18) que pelo menos 126 estupros e dois assassinatos de civis – um menor de idade – foram cometidos por soldados das Forças Armadas da República Democrática do Congo (RDC), durante a onda de violência que o leste do país viveu no mês passado.
A informação foi divulgada por um porta-voz da instituição após duas equipes de investigadores da ONU terem revelado os resultados preliminares sobre denúncias de abusos por parte do exército congolês durante sua retirada de Goma, capital da província de Kivu do Norte que foi ocupada por combatentes do Movimento 23 de março (M23) em 19 de novembro.
Segundo relatos, centenas de mulheres foram violentadas por soldados das Forças Armadas governamentais entre dos dias 20 e 30 de novembro, na cidade de Minova, que fica próxima a área do conflito. Também existem acusações de abusos cometidos por integrantes dos grupos rebeldes. Um relatório final da comissão investigadora, que ainda está na região, deve ser apresentado no final de janeiro.
Uma investigação paralela por parte das Forças Armadas da RDC já levou à prisão nove soldados, dois por estupro e sete por roubos.
O porta-voz da ONU, Martin Nesirky, esclareceu que estes dados podem influenciar no apoio que a Missão de Estabilização da ONU na RDC (MONUSCO) tem dado ao exército do país, uma vez que as missões têm que estar de acordo com os princípios de direitos humanos que norteiam a instituição. No momento, os funcionários da ONU têm se reunido com líderes nacionais para garantir que os autores dessas violações sejam identificados e responsabilizados.
Conflitos em campos de refugiados
A situação no país da África Ocidental é ainda tensa e, mesmo após a desocupação de Goma, há relatos de grupos armados agindo nas províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul. O Escritório do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) alertou também ontem (18) que um acampamento para deslocados internos sofreu pelo menos três ataques este mês.
O campo de Mugunga III, a oeste de Goma, é um dos 31 em toda a província e tem capacidade para 15 mil dos cerca de 177 mil civis expulsos de suas casas em meio ao avanço do M23. Segundo o ACNUR, os homens que atacaram o campo estavam em busca de itens de ajuda humanitária. Além dos saques, houve casos de estupros e tiroteios que deixaram pelo menos cinco feridos.
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